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 Defesa do Consumidor
 

Enforcado, brasileiro parcela mais

Fonte: Gazeta do Povo 22/2/2010

Texto enviado ao JurisWay em 23/02/2010.

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O brasileiro nunca parcelou tanto suas compras como agora. Com o orçamento comprometido com aquisições recentes, como o automóvel, a geladeira, o fogão ou a casa nova – as famílias estão espichando o prazo para que as novas compras caibam no bolso.

Segundo dados do Banco Cen­tral, o prazo médio de financiamento concedido aos consumidores – entre operações de crédito pessoal, cartão de crédito, aquisição de veículos e ou­­tros bens – atingiu, em de­­zembro do ano passado, o maior patamar da série histórica iniciada em 2000: 520dias ou 17,3meses. No fim de 2008, ele estava em 16,2meses.

“A procura por prazos mais longos vem aumentando ano a ano. O brasileiro está comprando mais, os juros estão menores e ele precisa de parcelas que caibam no seu orçamento”, diz Eduardo Balarotti, diretor de marketing e vendas da rede de material construção Balaroti. Segundo ele, 50%das vendas do grupo hoje são parceladas, porcentual que deve chegar a 60%até o fim de 2010.

Na venda de automóveis, esse índice é ainda maior. Cerca de 90%dos carros vendidos no Brasil são financiados. “O setor não vende se não oferecer prazo para o cliente”, diz Luis Antonio Sebben, diretor regional da Federação Nacional dos Distri­buidores de Veículos Automo­tores (Fenabrave). Segundo ele, o prazo médio de financiamento dificilmente chega ao limite oferecido pelas montadoras, mas vem aumentando ano a ano. “Antigamente, o prazo médio era de 23meses. Passou para 34meses e hoje está entre 42 e 43meses”, lembra.

Passada a crise, com a queda nos juros e a volta do crédito, o comércio também voltou a ampliar seus prazos para atrair os consumidores. A montadora Ford, por exemplo, voltou a oferecer planos de venda de automóveis com pagamento em até 80meses. No grande varejo, bandeiras como Extra, Walmart e Condor passaram a oferecer prazos de dez a doze meses, que subir para 15, 18 meses no cartão próprio em algumas ações promocionais. Na mesma linha, Magazine Luiza e Pernam­bucanas já ampliaram alguns planos para 24 meses com juros.

Embora muitas vezes vá pa­­gar mais no fim do financiamento, o brasileiro está mesmo interessado no valor da parcela.“O consumidor ainda não faz a conta de quanto vai pagar ao fim do prazo, não mede o tamanho da dívida. Se ele tem uma renda de R$ 1mil, ele vai pagar R$ 100 com a parcela do refrigerador e não pensa que ao fim de doze meses terá pago R$ 1,2mil, mais do que um mês do seu salário”, admite Jeferson Henrique Guimarães, diretor de vendas da MM Merca­domóveis. Atualmente, entre 75% e 80%das vendas da cadeia de lojas de eletrodomésticos são financiadas. De acordo com ele, nos últimos tempos o próprio consumidor passou a exigir mais prazo das redes. “Hoje a busca é por planos de 10 a 12meses”,afirma.

Boa parte desse fenômeno é explicado por outro fator: o brasileiro também nunca esteve tão endividado. Um estudo divulgado pela consultoria LCA mostra que o nível de dívida do consumidor bateu recorde no ano passado. Atingiu R$ 555bilhões, entre cartões de crédito, cheque especial, financiamento bancário, crédito consignado, empréstimos para compra de veículos, imóveis, incluindo os recursos do Sistema Financeiro da Habitação (SFH). O valor é quase 40%da renda anual da população, que engloba a massa nacional de rendimentos do trabalho e os benefícios pagos pela Previdência Social.

Em 2008, o brasileiro precisava de 4,3meses de rendimentos (salários, aposentadorias e pensões) para quitar os empréstimos. No ano passado, esse índice subiu para 4,8 meses, a maior relação entre dívida e rendimentos da série histórica iniciada em 2001.“É natural que quanto mais comprometido o orçamento, mais o consumidor parcele suas novas contas”, afirma Douglas Uemura, economista da LCA, que prevê que essa tendência veio para ficar. “Na comparação com outros países, o grau de endividamento aqui ainda é baixo. Ao mesmo tempo há muito crédito no mercado e uma de­­manda crescente”, diz.

Para o economista Luiz Afon­so Cerqueira, do conselho consultivo do Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças (IBEF), consumidor vive um momento de “euforia”.A retomada do crédito, a confiança na manutenção do emprego, a perspectiva de aumento da renda e o crescimento da economia vêm favorecendo o consumo e, por consequência, o endividamento. “As pessoas não querem abrir mão dos novos sonhos de consumo justamente no momento que passam a ter acesso a ele”, diz.

Em busca da parcela que cabe no bolso

O guarda-roupa, a cozinha e a mesa que o barista João Paulo Dias comprou junto com a esposa, a operadora de caixa Isabel da Silva, foram financiados, mas e o casal já pensa nas próximas aquisições para mobiliar a casa. “Queremos móveis para o quarto, como a cama e a mesinha de cabeceira, além de uma máquina de lavar”, diz ele, que, embora deseje comprar à vista, admite que a maior parte será financiado. O casal tem que equi­­librar os gastos das compras à prazo, que comprometem de R$500 a R$ 600 da renda dos dois, de R$ 2 mil.

“Fazendo compras a prazo, podemos usar o que queremos tudo ao mesmo tempo. Com compras à vista, temos que comprar alguma coisa e esperar para poder comprar outra”, diz a comerciante Rosi Pascale, que na quinta-feita passada estava em busca de sofá, televisão, cama e máquina de lavar. “Se o preço do prazo for o mesmo do à vista, pagaremos as contas parceladas”, diz

O administrador de empresas Leonardo Ferrarezzi acaba de pagar a primeira parcela, de R$ 450, do seu Ford Ka, parcelado em 80 meses. “Eu preferi pagar mais parcelas do que me privar de outros gastos diários”, afirma ele, que tem uma renda de R$ 2,2 mil. Com uma renda de R$ 1,5 mil, o casal Tania Ribeiro Alves Rodrigues e Diogo Willian Rodrigues também não se im­­porta com o prazo longo. Casados há um ano, eles adquiriram a cozinha em doze parcelas de R$ 120 e agora querem parcelar a compra computador, geladeira e guarda-roupas.



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