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Vem aí mais um ano letivo. Um momento para pais e responsáveis reavaliarem de que forma podem contribuir para a educação de seus filhos, independentemente da série em que estejam. Procurar se organizar de uma forma que permita uma participação ativa na vida escolar dos filhos é uma maneira de interferir positivamente no desenvolvimento deles. É preciso ter em mente que, ao contrário do que muitos acreditam, transformar a aprendizagem em sucesso não é papel exclusivo da escola.
“Há muitos pais que não participam desse processo e isso é um problema sério que as escolas enfrentam”, afirma o pedagogo Benjamin Perez Maia, professor da UniBrasil, que atuou por oito anos como diretor de escola. Segundo ele, geralmente a desculpa dos pais gira em torno da falta de tempo por causa de compromissos profissionais. “A maioria faz somente a matrícula e deixa o filho na escola para ela sozinha ser a educadora. A escola nunca será totalmente boa se os pais não participarem para valer.”
Quanto mais cedo o incentivo, melhores os resultados, de acordo com a psicóloga Mônica Luna, professora da disciplina de Psicologia Escolar das Faculdades Dom Bosco e Universidade Tuiuti do Paraná (UTP). Segundo ela, quando os pais se fazem presentes, a tendência é que o interesse pelos estudos aconteça com mais naturalidade. “Os filhos tomam consciência da importância do aprender e passam a querer estudar porque gostam e não apenas para tirar nota e prestar conta aos pais.”
A maior presença de pai e mãe na educação fica evidente no comportamento dos alunos, segundo a professora Sandra Costa Ulsan, diretora da Escola Estadual Dona Branca do Nascimento Miranda, que tem 1,7 mil alunos nos ensinos fundamental e médio. “Percebemos que são mais educados, têm mais interesse pelas matérias e respeito pelos professores”. Ela conta que há muita dificuldade, principalmente no que diz respeito às relações pessoais, quando se trata de filhos de pais que acham que somente a escola é quem deve educar. “Esses jovens são mais retraídos, sentem-se abandonados pelos pais e o desenvolvimento é menor.”
A Escola Dona Branca é uma das mais procuradas da região do bairro Tingui desde que Sandra assumiu a direção, há oito anos, justamente por ter como prioridade a participação intensa dos pais. “Temos um grupo muito atuante de mães voluntárias para desenvolver esse trabalho. Isso traz segurança aos outros pais, que se interessam cada vez mais pela escola e conhecem melhor os professores”. Além de serem orientados a fazerem um acompanhamento em casa, estão constantemente na escola. “No caso daqueles alunos que identificamos terem mais dificuldades, o trabalho com a família é intensificado desde o começo do ano, com conversas e orientações a cada 15 ou 30 dias.”
O que fazer
Em um primeiro momento, após realizar a matrícula, os pais devem tomar consciência do projeto político-pedagógico da escola, do regimento escolar e do planejamento das aulas, para fazer um acompanhamento, além de atender ao chamado para a primeira reunião pedagógica. “A escola é um local onde o aluno passará pelo menos cinco horas do seu dia, por quase uma década. A personalidade da criança é construída também dentro da escola, não só em família, então é preciso saber tudo o que está acontecendo”, diz a psicóloga Mônica.
Em todas as fases de aprendizagem é importante que os familiares mantenham o diálogo. O ideal é que se procure saber sempre como foi o dia dos filhos na escola e o que tem acontecido quando está lá, tanto em relação ao aprendizado quanto sobre professores e colegas. “O jovem precisa saber que os pais estão interessados nele e que querem o melhor para ele. São 15, 20 minutos que podem mudar uma vida”, afirma o pedagogo Benjamin Maia. Pai e mãe devem dividir essa tarefa, para que não se crie uma figura de terror para nenhum dos dois, como orienta a psicóloga Mônica. “Se for uma ocasião informal, sem ar de cobrança, eles não se incomodarão.”
A partir dos 7 anos é importante começar a monitorar os estudos, para garantir o hábito. “É importante fixar um horário para realizar as tarefas solicitadas pela escola, em um ambiente adequado, silencioso”, diz Mônica. A estudante Isadora Gutierrez Garcia Francisco, de 10 anos, que vai ingressar este ano na 5.ª série do Colégio Medianeira, tem o acompanhamento de perto dos pais, mesmo com pai e mãe morando em casas diferentes. A menina conta que eles sempre perguntam sobre a escola e orientam sobre como agir em determinadas situações. Ela prefere assim. “Do contrário não me sentiria à vontade para falar sobre problemas, pedir ajuda ou contar como foi divertido o dia na escola. Tenho sorte”. O pai, o engenheiro civil e empresário Antonio Garcia Matias Francisco, que reveza os compromissos da escola com a mãe da menina, procura criar um ambiente de estudo com pouca distração, mas não conseguiu estipular um horário fixo para as tarefas. “A rotina, às vezes, não permite que a acompanhe o tempo todo, mas, como estamos de olho, ela é consciente de que em determinado horário do dia tem que se dedicar.”
Chegado o fim do ensino fundamental, a dica é compartilhar os conhecimentos adquiridos em sala de aula, acompanhar notas e frequência e participar de reuniões na escola. “A certa altura os jovens estão mais independentes e o monitoramento se dá mais em escutar o jovem”, afirma a psicóloga Mônica. É o que acontece atualmente com o estudante Gustavo Mascarenhas, 14, que vai começar o ensino médio no Colégio e Faculdade Modelo, como conta a mãe, a professora de Artes Visuais Marcia Anderson Mascarenhas. “No trajeto diário para a escola conversamos. Já desde a 5.ª série procuro dar uma certa autonomia e pelas notas monitoro o que está acontecendo. Ele sabe que estou em cima porque sempre o acompanhei e hoje sinto que posso deixar o estudo por conta dele.”