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É um número assustador. O financiamento de veículos, por exemplo, tem uma taxa bem menor: 3,77%. O cheque especial, outra categoria de crédito que costuma ser problemática, não chega nem à metade do cartão: 11,98%.
É interessante perceber que, há algum tempo, a situação era outra. Em junho de 2000, os dados do Banco Central mostram que a inadimplência dos cartões era menor do que a das outras duas categorias (1,92%, contra 2,75% do cheque especial e 2,55% do financiamento de automóveis). De lá para cá, o número de plásticos subiu muito. Aparentemente, uma boa quantidade desses cartões foi parar nas mãos de pessoas que não tinham capacidade de assumir essa responsabilidade.
Para compensar essa inadimplência, os bancos vêm mantendo alta a taxa de juros. Está em 237,93%. Não muda desde junho, enquanto outras taxas têm caído. A solução é complicada, porque empurra para o calote um número maior de pessoas – afinal, quem é que consegue pagar 237% ao ano?
Já ouvi falar de casos, nos Estados Unidos, em que as pessoas são estimuladas a cortar os cartões ou quebrá-los e atirá-los no lixo – e até de um sujeito que, num programa de tevê, aconselhou as donas de casa que estivessem assistindo a colocar o cartão numa assadeira e assisti-los derreter pelo vidro do forno. Talvez isso ajude, mas seria bom se os bancos assumissem uma parte da solução. Mesmo cercados pela inadimplência, eles não deixaram de emitir cartões. O número cresce mês a mês, sem interrupção, pelo menos desde 2004.
Seria bom se eles pensassem em fazer uma moratória na emissão de plásticos.
Preços estranhos
“Uma coisa que eu nunca consegui entender no Brasil é a formação de preços”, me disse, na semana passada, o diretor comercial da Google Brasil, Andreas Huettner. Austríaco, ele já tem uma boa vivência no país – cursou parte de seu doutorado aqui, e trabalhou ainda na filial nacional da Volkswagen, intercalando cada uma dessas experiências com períodos na Europa. Mas os preços brasileiros ele ainda não conseguiu engolir. “Há coisas que são caras demais aqui. Um carro, por exemplo. Cobram valores absurdos”, diz.
Pois é, o preço é alto e mesmo assim a indústria automobilística está novamente batendo recordes.
Mais estranhos
Uma categoria de preços das mais esquisitas é aquela em que a demanda é formada, principalmente, por pessoas jurídicas. Uma pequena história mostra porque isso acontece.
Tempos atrás conversei com um amigo, ex-funcionário da área de compras de uma empresa no segmento de eletrodomésticos. Ele contou que era frequente ter de viajar para visitar fornecedores e avaliar sua capacidade para atender a determinada encomenda de peças. “Muitas vezes a questão já estava controlada por meio de contatos telefônicos e do envio de documentos”, explica. Mesmo assim os gerentes exigiam que a vistoria fosse feita in loco. O resultado era passagens aéreas e diárias de hotel que, no fundo, não precisariam ter sido consumidas. Mas a margem da indústria para a qual meu amigo trabalhava era alta o suficiente para absorver despesas como essa. E o gerente botava a turma para viajar.
Assim, movidos pela capacidade financeira de algumas empresas e pela indiferença de certos chefes – afinal, o dinheiro não é deles –, os preços de alguns nichos da economia decolam. Há restaurantes chiques que, durante a semana, são sustentados por almoços de negócios a preços inflados. É só checar o índice de engravatados por metro quadrado.
Isso não é bom nem mau, é apenas uma constatação. Como também é possível constatar que esses setores da economia estão aliviados – nas últimas semanas, os clientes pejota (de PJ, pessoa jurídica) estão voltando, depois de meses de crise.