Esgoto a céu aberto, sem tratamento. Essa realidade faz parte da vida de brasileiros por todo o país. Cenas que deixam mais evidente a falta de saneamento básico. Algo que muita gente nem sabe o que é. De uma pesquisa feita em 79 cidades, 31% dos entrevistados não souberam responder à pergunta.
“Realmente não tem ideia do que acontece com seu esgoto quando sai do seu domicilio. Se vai para uma rede, qual o percurso desse esgoto, qual destino final: rio, mar ou rede de tratamento”, explica o diretor de planejamento do Ibope Inteligência Helio Gastaldi.
Abastecimento de água, coleta e tratamento de esgoto e do lixo e drenagem urbana, que é o escoamento da água das chuvas são ações que integram o saneamento básico, necessário para a saúde das pessoas e para a preservação do meio-ambiente.
Mesmo em córregos que foram canalizados, moradores jogam o lixo a céu aberto. É o que acontece no Jardim Iporanga, na Zona Sul de São Paulo. Meses depois da despoluição, a equipe ainda precisa de caminhão para recolher o lixo. Ligações clandestinas levam esgoto para o córrego.
Em outra comunidade, em Paraisópolis, também na Zona Sul, o hábito se repete e as consequências também.
O esgoto lançado nos rios sem tratamento, além de cheirar mal pode causar doenças. A água contaminada atrai insetos e ratos, que contaminam o meio-ambiente e comprometem a qualidade de vida dos moradores.
“O córrego precisa passar a fazer parte do nosso mundo. Ele tem que passar a fazer parte da nossa vida. É você optar conviver com a saúde ou viver ao lado da doença”, compara o professor da faculdade de saúde pública da USP Wanderley da Silva Paganini.
Segundo o professor Wanderley da Silva, dois terços das internações de crianças de 0 a 10 anos são resultantes da falta de saneamento. Em pleno século 21, uma criança morre a cada cem minutos no país por causa de doenças que são consequência da falta da coleta e tratamento de esgoto e lixo.