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 Defesa do Consumidor
 

O lado bom e o lado ruim do crédito

Fonte: Gazeta do Povo 13/7/2009

Texto enviado ao JurisWay em 17/09/2009.

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Alavancado pelo governo federal, o crédito no Brasil cresceu em ritmo quatro vezes maior do que a própria geração de riquezas do país nos últimos 12 meses. Ainda que esse fato tenha contribuído bastante para o desempenho estável da economia brasileira em plena crise mundial, especialistas veem um sinal amarelo acender: o custo elevado dos empréstimos e a falta de educação financeira da população podem fazer com que a renda das famílias fique muito comprometida com o pagamento de financiamentos e o país tenha de lidar com um mar de endividados.

Em maio, o volume total de crédito no sistema financeiro brasileiro atingiu R$ 1,259 trilhão, volume 22,7% maior do que um ano antes. Fica mais fácil de ver a dimensão desse número quando se compara ao Produto Interno Bruto (PIB), que cresceu 5,1% em 2008 e deve fechar 2009 próximo de zero. Entre especialistas, há dois consensos a respeito do tema: financiamento é imprescindível ao desenvolvimento econômico, mas o Brasil ainda tem muito o que evoluir nas relações de crédito – tanto em quantidade quanto em qualidade.

Os principais entraves para o amadurecimento dos financiamentos no país são o alto custo repassado pelos bancos (conhecido como spread) e a falta de educação financeira da população, que ainda não se habituou a calcular taxas de juros. O economista Cláudio Gonçalves, conselheiro do Conselho Regional de Economia de São Paulo (Corecon-SP), faz uma análise sobre a concessão de empréstimo consignado a aposentados que mostra bem a dualidade do crédito – bom para a economia, mas somente enquanto não se transforma em uma bomba-relógio.

 

“O consignado mudou as relações de crédito, com efeitos distintos. De um lado, contribuiu para diminuir o preço do crédito ao criar linhas baratas e garantidas, mas de outro levou a casos de endividamento descontrolado”, diz. “Foi nessa época que começamos a ouvir notícias sobre aposentados que, por um motivo ou outro, contraíram crédito para familiares e acabaram entrando em uma bola de neve por não conseguir cumprir o compromisso de pagar o financiamento”, lembra.

Inadimplência

Isso naturalmente não é coincidência: enquanto os indicadores de crédito crescem a passos largos, a inadimplência também ressurge, batendo recorde na série histórica iniciada em 2000, com 8,6% em maio. O nível do endividamento médio do consumidor alcançou 34,8% da renda anual em abril. Já a relação entre crédito e PIB chegou a 42,8%. Esses dados também geram consequências boas e ruins.

“Os exemplos internacionais permitem associar, como regra geral, a relação crédito/PIB com o desenvolvimento econômico”, diz Alberto Borges, professor titular da Universidade de São Paulo (USP) e coordenador do Instituto de Ensino e Pesquisa em Administração (Inepad). “É fato que essa relação está crescendo no Brasil, mas a casa dos 40% é bastante baixa quando comparada a 240% dos Estados Unidos, 180% da Alemanha, 170% da Irlanda ou 130% da Espanha. Vale lembrar que o Brasil ainda é campeão no spread”, afirma. De um lado, diz, é bom que o crédito esteja aumentando porque aumenta a capacidade de investimento, só que com um preço ainda alto. Enquanto os juros básicos reais do país estão na casa de 5%, a média “civilizada” apontada por analistas é de 3%.

Planejamento

Uma das estratégias que o governo federal usa para fomentar a economia é incentivar o consumo das famílias. Depois dos aposentados, a nova aposta é o crédito para a área imobiliária, que passou a ser priorizada recentemente com taxas diferenciadas e com garantias contra inadimplência dadas pelo próprio governo – o “fundo garantidor” do programa Minha Casa, Minha Vida.

“Ampliar a concessão de crédito para bens duráveis é importante. Afinal, ainda é comum encontrar consumidores com televisor LCD e automóvel na garagem, ambos financiados, mas sem condições de comprar uma casa própria. É positivo que o crédito esteja aumentando. Com mais crédito, o orçamento familiar tem de ser melhor planejado por causa do comprometimento futuro da renda – e sabemos que o brasileiro de forma geral não é muito chegado em planejamentos”, ironiza Borges.





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