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Gigante ou do tamanho tradicional, jogar xadrez faz parte da atividade extra do Colégio Bom Jesus Nossa Senhora de Lourdes, em Curitiba. O xadrez também aparece integrado ao currículo de Educação Física em grande parte dos colégios no Paraná, da rede pública e privada.
Nas 175 escolas da rede pública municipal de Curitiba e nas 2,1 mil escolas da rede pública estadual do Paraná, o xadrez faz parte do conteúdo de Educação Física. O mesmo ocorre nos colégios Dom Bosco. Nos colégios Bom Jesus pode aparecer como atividade extra ou integrado ao currículo, dependendo da sede. Já nas escolas Positivo, o conteúdo aparece nas aulas de Educação Física até o 3.º ano do ensino fundamental. Depois é oferecido como atividade extra e gratuita.
Incluir o jogo de tabuleiro mais antigo do mundo como ferramenta pedagógica traz inúmeros benefícios às crianças, ressaltam os educadores. O principal ganho é cognitivo. Ajuda no desenvolvimento de capacidades como memorização, concentração, raciocínio e lógica.
Para a diretora do ensino fundamental da rede municipal de educação de Curitiba, Nara Luz Salamunes, uma das vantagens é a participação em campeonatos. “A criança se vê em situação permanente de desafio, pois precisa desenvolver diferentes estratégias. Sem contar que é algo que dá prazer”, afirma.
Na opinião do professor de xadrez do Bom Jesus Nossa Senhora de Lourdes, Fábio Corrêa Volpe, o jogo também auxilia a desenvolver organização e responsabilidade. “O xadrez nos ensina que não adianta só pensar naquele momento, mas na consequência que o movimento escolhido trará depois. É assim na vida”, ressalta.
Um melhor desenvolvimento do raciocínio lógico e matemático é a aposta das escolas Positivo para investir na prática do xadrez desde o 1.º ano do ensino fundamental, segundo o supervisor de Cultura e Esportes Zair Cândido Netto. “Tem também a questão cognitiva, mas o objetivo principal é fomentar a Matemática”, diz.
Já na rede municipal de ensino de Curitiba, a aposta é no ganho que o xadrez traz por si só. “Não aliamos a uma área do conhecimento específica”, ressalta Nara. Um projeto específico é oferecido aos alunos interessados no contraturno escolar. São 78 escolas municipais que oferecem o xadrez fora do horário normal de aula.
Ferramenta
Até a metade de 2010, um conteúdo específico sobre o jogo irá integrar o livro didático público para o ensino fundamental da rede pública estadual. O livro existe para os estudantes do ensino médio do Paraná como material de apoio aos livros didáticos enviados pelo Ministério da Educação. É produzido por professores da própria rede estadual.
O autor do conteúdo de xadrez, Osni Zioli, professor de Educação Física em Pato Branco, no Sudoeste do estado, ressalta que o uso do xadrez nas escolas vai além do desenvolvimento cognitivo das crianças. Relacionar a história do jogo com temáticas sociais, momentos históricos e questões de gênero. “A contextualização dá vida ao xadrez”, afirma.
Um dos exemplos usados pelo professor é a questão de gênero que está por trás da dama, a mais forte do jogo. Segundo Zioli, até a Europa renascentista, o nome dado à peça era conselheiro do rei. “Depois que foi mudado, a própria regra do xadrez foi alterada por questões religiosas. Antes, o jogador que chegasse com um peão no fim do tabuleiro tinha o direito de pegar um ou mais conselheiros. Depois, só podia escolher a dama uma vez”, explica.
Crianças e adolescentes que praticam xadrez na escola há algum tempo reconhecem os benefícios do jogo para o aprendizado. Para o estudante da 4.ª série Lucas Nacif Giacomin, 10 anos, adquirir paciência foi um dos principais ganhos. Lucas recebe aulas do jogo desde os 5 anos de idade. “Falo muito e sou muito agitado. O xadrez me ajudou a prestar mais atenção e fazer as coisas com mais calma”, diz.
A concentração ficou melhor na opinião do estudante do 3.º ano George William Lokang, 8 anos. “É um jogo que tem de usar muito a inteligência”, diz. Para Pedro Paulo Leal de Medeiros, 12 anos, campeão de xadrez em seu nível no Colégio Dom Bosco, o grande benefício é a melhoria na capacidade de concentração. “Consegui prestar mais atenção nas aulas”, diz. Pedro Paulo está na 6.ª série e tem aulas de xadrez desde os 7 anos de idade. Para a coordenadora de Educação Física do Dom Bosco, Rachel Fontoura dos Santos Lima, um dos principais benefícios da prática do xadrez é ensinar a lidar com o fracasso ou sucesso. “É preciso ter um plano estratégico. Quem observa melhor o jogo e tem uma visão do todo, se sai melhor”, afirma. (TD)
O jogo do xadrez representa uma guerra antiga, disputado entre dois jogadores que movem inicialmente 16 peças, num tabuleiro composto por 64 casas. A posição inicial, nome e valor das peças representam o contexto histórico da Idade Média. Rei, Dama, Cavalo, Torre, Bispo e Peão são personagens que representam a sociedade da época. O objetivo do jogo é atacar o rei do adversário de uma forma que não haja lance legal que evite sua captura. Quem conseguir, aplica o “xeque-mate” e vence o jogo. A ideia do xadrez na escola surgiu na Rússia pós-guerra, nos anos 50, que mais tarde passou a produzir campeões em série neste tipo de jogo. Na mesma época, países como Bélgica e Zaire desenvolveram estudos científicos e descobriram que o xadrez melhorava as capacidades numéricas, verbais e cognitivas em geral. Nos anos 70, pesquisadores da Venezuela e dos Estados Unidos realizaram estudos no ambiente escolar e chegaram à conclusão de que o aprendizado dos alunos submetidos à prática do xadrez é mais duradouro.