Marcos Burghi
Redução do preço não deve ser repassada integralmente para o consumidor
A redução do preço do óleo diesel anunciada pelo governo deve ter pouco impacto no bolso do consumidor, avaliam analistas.
Na segunda-feira, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, comunicou que o litro do diesel cairia até 15% nas refinarias, o que poderia reduzir em até 9,6% os preços de bomba. Neuto Gonçalves, professor de Custo em Transporte Logístico da Fundação Armando Álvares Penteado (Faap), calcula que caso as transportadoras repassem a baixa, o recuo no valor do frete ficará entre 0,76% e 2,18%.
Ele acredita que, inicialmente, será muito difícil ocorrerem quedas nos preços dos fretes. Gonçalves argumenta que o setor deve aproveitar a redução para recompor sua margem de lucro, que teria ficado menor pela queda da demanda por conta da crise, o que levou à manutenção de preços mesmo com aumento de custos.
Segundo Fábio Romão, economista da LCA Consultoria, os principais resultados de uma eventual baixa nos preços do óleo diesel seriam a desaceleração da inflação, por conta da diminuição do ritmo no aumento dos preços dos alimentos, bem como um reajuste menor nos preços das passagens de ônibus urbanos e interurbanos.
João Sanzovo, presidente da Associação Paulista de Supermercados (Apas), espera que a queda do diesel se traduza em diminuição no preço do frete, principalmente nos produtos agrícolas “in natura”, caso de frutas e verduras. Ele afirma que como o anúncio é recente, ainda não há orientação específicas de ação para os supermercadistas. “Acreditamos, porém, que haverá renegociação de preços”, afirma.
A Confederação Nacional dos Transportes (CNT) informa que o impacto nos preços, a princípio, será pequeno. A organização afirmou que a diminuição de 10% no valor do diesel levaria a uma baixa entre 0,44% a 3,22% no valor do frete, em viagens “muito curtas (50 km) e muito longas (6 mil km), respectivamente”. Esta redução do preço do diesel pode implicar em economia no gasto com o combustível de R$ 4,40 a R$ 527,67. A CNT observou que, antes mesmo da crise econômica, o setor já atuava com “uma mínima margem de lucro”