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De acordo com o Atlas do Câncer, publicado pela Sociedade Americana de Câncer, em 2002, havia no planeta mais de 24,6 milhões de sobreviventes da doença, diagnosticados durante os cinco anos anteriores. A tendência é que esse número aumente com o surgimento de novos tratamentos e maior acesso a eles. O caminho para a cura ou atenuação da doença, porém, é longo e muitas vezes tortuoso. Mesmo após eliminar o carcinoma por meio de intervenção cirúrgica e quimioterapia, uma série de cuidados especiais deve ser tomada durante anos. Muitas vezes, por toda a vida.
O oncologista Marcelo de Souza Rodrigues Oliveira, da clínica Neo Saúde, explica que o paciente precisa ter consciência e disciplina para seguir todas as recomendações após o tratamento. “Depois do impacto inicial e do sucesso do tratamento, muitos têm a sensação de que se tornaram imortais e deixam de realizar os exames, quase sempre por medo de encontrar alguma sinal de recidiva (reaparecimento de uma doença)”, diz.
Riscos permanentes
O pedagogo Gustavo Adolpho Leal Brandão, 49 anos, descobriu um câncer de próstata em janeiro do ano passado, quatro meses antes do casamento de uma de suas duas filhas. A intervenção cirúrgica foi suficiente para a eliminação do carcinoma e, embora não tenha sido necessário fazer quimioterapia, ele só será considerado curado da doença após dez anos de observação. Brandão explica que a cirurgia para a retirada do tumor de próstata pode ter duas consequências: incontinência urinária – porque parte da bexiga e outra da uretra são retiradas –, e impotência sexual – pois a enervação responsável pela ereção é prejudicada.
“São sequelas que afetam muito a autoestima masculina. Felizmente, só precisei usar fraldão por algumas semanas, alguns homens precisam usá-lo para o resto da vida. Hoje, além dos exames de laboratório que preciso fazer a cada seis meses, a minha única preocupação é com o tratamento para recuperar as funções sexuais regulares. Preciso tomar o medicamento por mais dois anos”, conta.
Pacientes jovens que precisaram operar a próstata enfrentam ainda mais um problema. Para diminuir o risco de uma recidiva, precisam tomar um bloqueador hormonal, que diminui a produção de testosterona. “Além de alterar o seu desempenho sexual, ele poderá ter problemas ósseos por causa da falta do hormônio”, alerta Marcelo Oliveira.
Atenção redobrada
Aos 26 anos, a advogada Leni Ferreira dos Santos, hoje com 27, descobriu que tinha câncer de mama. “Recebi o diagnóstico na semana do meu aniversário. Não tenho casos de câncer na família, nunca imaginei que isso fosse acontecer comigo, ainda mais com a minha idade”, lembra. Por ser tão jovem, a chance de Leni voltar a desenvolver a doença é maior e, por isso, os cuidados precisam ser redobrados.
“Se eu tivesse mais de 45 anos de idade, nem precisaria fazer quimioterapia, mas não quisemos correr riscos”, diz. O tratamento terminou em janeiro e a partir deste mês Leni vai começar a fazer exames de sangue e de imagem a cada três meses. “Por incrível que pareça, essa rotina não me incomoda, pelo contrário. Gosto de estar mais atenta com a minha saúde e qualidade de vida.”
O tumor retirado de Leni era um receptor de hormônios. Para impedir que novos tumores se formem, ela terá de tomar um bloqueador hormonal durante cinco anos. O tratamento provoca uma espécie de menopausa antecipada. Durante este período, Leni não poderá engravidar e provavelmente terá de enfrentar sintomas típicos da menopausa, como fadiga, fogachos e sudorese noturna.
De acordo com o presidente da Sociedade Brasileira de Mastologia, Ricardo Carlos Chagas, o bloqueio hormonal também pode acelerar o processo de perda óssea, que aumenta os riscos de desenvolver osteoporose. “É possível amenizar os sintomas causados pela falta de estrogênio com antidepressivos e anticoagulantes. Mas, além dos exames de sangue e de mama, a paciente também deve realizar exames de densitometria óssea anualmente”, aconselha.
“Como o útero da mulher vai permanecer em repouso durante um longo período, pode encontrar dificuldades para engravidar no futuro”, completa. Leni não se preocupa com os problemas. “O mais importante para mim é continuar viva e vou lutar por isso.”