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Um levantamento da consultoria internacional Robert Half, especializada na seleção de profissionais, ouviu 4,8 mil recrutadores do mundo todo; o resultado, publicado na revista britânica The Economist, mostra que 56% dos entrevistados reclamam da escassez de candidatos qualificados para cargos de finanças e contabilidade.
O Brasil aparece como segundo colocado no ranking internacional – liderado por Hong Kong –, com “índice de dificuldade” próximo a 80% para a contratação destes profissionais. A interpretação dos especialistas locais é de que a pesquisa reflete um antigo problema do mercado brasileiro: a falta de qualificação.
“Nos últimos anos, o Brasil e mundo todo viveram uma situação de prosperidade econômica que levou a um certo relaxamento na preparação dos profissionais. As pessoas foram ensinadas a conviver com lucros e resultados excelentes e, repentinamente, o cenário mudou”, avalia o vice-presidente do Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças do Paraná (Ibef-PR), Nelson Luís Paula de Oliveira.
Outro fator, explica o dirigente, pode ser atribuído à recente alteração na sistemática contábil brasileira, modernizada para se adaptar às legislações internacionais. “Uma nova teoria contábil foi estabelecida, mas são poucos os profissionais aptos a aplicá-la adequadamente. Por isso, o profissional preparado virou um artigo de luxo no mercado”, diz.
Para o advogado tributarista e professor de pós-graduação da PUC-PR, Gilberto Luiz do Amaral, a origem do problema está na formação acadêmica. Segundo ele, os currículos acadêmicos estão atrasados cerca de 15 anos em relação às atuais práticas do mercado. “Para contratar as empresas exigem, além do conhecimento técnico, o conhecimento multidisciplinar, que hoje requer habilidades nas áreas de governança corporativa, mercado de capitais, relações institucionais e responsabilidade socioambiental”, afirma.
O Conselho Regional de Contabilidade do Paraná (CRC-PR) reconhece as deficiências da classe e por isso vem investindo na qualificação dos profissionais através de cursos promovidos pela diretoria de desenvolvimento profissional. Em 2009, serão 260 treinamentos abordando desde temas básicos aos mais sofisticados, voltados às novas tecnologias contábeis.
“Para o bom profissional não falta emprego nem salário”, garante o presidente do CRC-PR, Paulo César Caetano de Souza. Segundo ele, o salário de um profissional altamente qualificado de empresas multinacionais pode chegar a R$ 25 mil. Nas grandes empresas paranaenses esse valor varia entre R$ 7 mil e R$ 15 mil.
A Michael Page International, multinacional especializada no recrutamento e seleção de executivos para grandes corporações, confirma a falta de profissionais de finanças e contabilidade para atender à atual demanda do mercado brasileiro. Isso porque a crise econômica teria elevado a importância de fatores como a gestão de caixa, controle de custos e captação de recursos para a sobrevivência das empresas.
“Em um momento como este, a solução passa necessariamente pelas mãos dos profissionais de finanças e contabilidade”, afirma o diretor do escritório regional Sul da Michael Page, Roberto Picino.
Segundo o diretor, a concorrência das empresas por um candidato qualificado conseguiu manter a recente valorização dos salários. “Hoje o salário médio [na área do finanças e contabilidade] se mantém no mesmo patamar do ano passado, quando a economia vivia o auge de um ciclo de desenvolvimento, após uma ‘inflação’ entre 20% e 30%”, explica.
Picino explica que a crise econômica pôs fim a um período de extravagâncias, com a crescente valorização dos salários e o incremento de bonificações variáveis. Em alguns setores, como na engenharia e produção, por exemplo, hoje é possível contratar profissionais com salários médios mais baixos que no mesmo período do ano passado.
“A euforia era tanta que os salários não estavam mais compatíveis com a realidade. Na falta de profissionais, algumas empresas contratavam engenheiros recém-formados pelo salário de profissionais experientes, distorcendo as práticas do mercado”, diz.
Qualificação
Além dos fatores conjunturais, o diretor da Michael Page ressalta a importância da constante qualificação dos profissionais. “A economia passou por um processo de profissionalização, exigindo competências não desenvolvidas até então, como a conversão de balanços, conhecimentos legais sobre questões tributárias, além do domínio de um segundo idioma”, explica.
Segundo ele, alguns profissionais com bom histórico nas áreas de finanças e contabilidade conseguiram escalar aos postos mais atos de grandes companhias. (ACN).