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 Defesa do Consumidor
 

Adiar a maternidade é cada vez mais comum

Fonte: Agência Estado 22/5/2009

Texto enviado ao JurisWay em 09/09/2009.

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Por Giuliana Reginatto

 

São Paulo, 21 (AE) - Elas ignoram os primeiros sinais do instinto maternal em nome da carreira, crentes de que a medicina reprodutiva pode recuperar o tempo perdido. Médicos lembram que acertar os ponteiros do relógio biológico nem sempre é possível.

Falta conseguir um aumento, terminar a pós-graduação e achar o parceiro ideal, mas o corpo tem pressa. Pouco importa se um mundo de oportunidades se apresenta diante da mulher moderna. Por dentro, ela continua igual há décadas: a natureza ainda espera por uma gravidez aos vinte e poucos anos. A biologia não contava com anos extras de estudo e com trajetórias profissionais que atrasariam em quase dez anos o relógio biológico da brasileira.

"Ela tem 38 anos, fez MBA, é diretora de uma multinacional, morou um tempo fora do País e não teve tempo de achar um parceiro, mas tem o desejo de ser mãe. Esse é o perfil das mulheres que buscam o congelamento de óvulos. O desejo de ser mãe pode até tardar, mas não falha", acredita o médico Eduardo Motta, diretor do Centro de Medicina Reprodutiva Huntington e doutor em ginecologia pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).

Congelar os óvulos é a melhor opção para quem deseja ser mãe e chegou aos 35 sem perspectivas de realizar o sonho. Não por acaso, a cantora Ana Carolina - que completa essa idade em setembro - anunciou na semana passada que vai passar pela técnica. Segundo Motta, a idade avançada ameaça o sucesso de qualquer tratamento de fertilização . "A chance de engravidar pelo método in vitro é de 50% antes dos 35 anos e cai para 20% por tratamento após os 40", diz.

Motta lembra que a opção pelo congelamento de óvulos tem sido cada vez mais comum. "Há dois anos a técnica ainda era cheia de problemas, hoje temos mais sucesso. Tenho atendido pelo menos um caso por mês. O problema é que quanto mais velha a mulher, pior fica a qualidade dos óvulos. Aos 40 anos, por exemplo, a biópsia vai acusar mais de 70% de embriões anormais."

O médico garante que o envelhecimento das mamães é uma tendência. "A clínica é de 1995, época em que o público-alvo tinha entre 30 e 35 anos. Atualmente, 70% das pacientes têm mais de 35 anos e observo uma demanda crescente acima dos 40 anos. Nessa idade, contudo, a taxa de abortos dobra, o que também diminui a chance de sucesso."

Diretor da Sociedade Brasileira de Reprodução Humana e do Setor de Infertilidade Conjugal do Hospital Pérola Byington, em São Paulo, Artur Dzik, diz que engravidar tardiamente pode trazer consequências negativas para a saúde da mãe e do bebê. "A prevenção do câncer de mama e de ovário associada à maternidade é mais frequente nas mães que têm entre 20 e 30 anos", exemplifica. "Além disso, o risco de ter diabete, hipertensão e problemas placentários é um pouco maior na mulher que engravida tardiamente."

A incidência de doenças graves no feto também aumenta conforme a idade da grávida avança. Se a chance de um bebê apresentar síndrome de Down é de um caso para mil nascimentos quando a mãe tem 30 anos, esse índice sobe para uma em cada 100 crianças entre as gestantes de 40 anos. "Ainda assim, esse risco é baixo. O principal problema é que muitas vezes não é mais possível engravidar. Ana Paula Padrão, por exemplo, tentou de tudo e não conseguiu. E Ivete Sangalo enfrentou dificuldades para realizar esse sonho", lembra. A cantora baiana, de 37 anos, está grávida mas perdeu um bebê no ano passado.

Na opinião de Dzik, as mulheres têm a falsa ilusão de que a medicina reprodutiva pode recuperar o tempo perdido. "A gente pode fazer muita coisa, mas o obstáculo maior ainda é a idade da mulher. Quem posterga a gravidez pode ter escolhido não ter filhos. A mulher que malha todos os dias, cuida da pele e parece mais jovem acha que pode tudo. É difícil para ela entender que a aparência jovial não se reflete na idade ovariana. Atrasar a maternidade é uma tônica da mulher moderna, mas a natureza é implacável."

Para Dzik, as mulheres estão em desvantagem perante o sexo masculino no campo reprodutivo. "Elas já nascem com os óvulos que carregarão pela vida toda, eles passarão por tudo de bom e de ruim que elas enfrentarão na vida. Os homens, ao contrário, renovam o sêmen a cada três meses. Ou seja: para elas o tempo é mais significativo. E, mesmo assim, o bebê fica cada vez mais para depois", explica.




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