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 Defesa do Consumidor
 

Supermercado pesa mais para a baixa renda

Fonte: O Dia 18/5/2009

Texto enviado ao JurisWay em 08/09/2009.

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Alta dos preços também preocupa mais ricos, mais do que o emprego

Rio - A diferença por renda mostra como as classes sociais enfrentam a crise financeira. O Instituto Informa dividiu as faixas salariais em quatro grupos: até 3 salários mínimos (R$ 1.395), de 3 a 5 mínimos (de R$ 1.395 a R$ 2.325), de 5 a 10 mínimos (R$ 2.325 a R$ 4.650) e acima de 10 mínimos. O primeiro grupo é o que mais teme perder o emprego (33,93%), enquanto o temor que encontra o índice mais baixo está entre os cariocas mais abonados (23,57%). “Isso demonstra a força do mercado de trabalho”, avalia o economista e professor da PUC-Rio Luiz Roberto Cunha.

O economista também destaca que, na pergunta sobre tipo de comércio que mais pretende fazer compras, entre os mais pobres, a resposta é o supermercado para 60,93%, enquanto os mais ricos fecharam 51%. “O peso do supermercado para esse grupo de renda mais baixa é muito grande no orçamento. O grupo que ganha até 3 salários mínimos e vai cortar gastos com refeições fora de casa atingiu 70,74%, ante 55,34% dos que ganham acima de 10 mínimos. Mas o índice elevado de pessoas que trabalham e pretendem reduzir esse tipo de despesa revela que a quentinha está de volta”, analisa.

O balconista de farmácia José Carlos dos Santos de Souza, tem 30 anos, mora na Freguesia e ganha até 3 salários mínimos. Tem salário comissionado e viu sua renda cair com a crise. O preço dos produtos e o emprego são os seus maiores medos. José Carlos pretendia trocar de carro, mas a crise adiou seus planos, apesar da medida do governo que reduziu o preço do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI). “Vou deixar para o fim do ano. Felizmente, na farmácia em que trabalho não houve demissões. Percebi que as pessoas não deixam de comprar remédios, mas os itens de perfumaria e suplementos vitamínicos estão vendendo menos. Confio nas medidas do governo e acho que a crise está no meio. Por isso, não quero me endividar”, explica.

O vendedor da loja Mundo Verde, no Jardim Botânico, Flávio Kirk de Lima, 35, ganha entre 3 e 5 mínimos. Ele afirma que se preocupa com as contas no supermercado. Acha que a crise está no início e diz que o que mais percebeu foi a alta dos preços. “Alguns itens subiram muito, como o leite, por exemplo”.

“O carioca está disposto a mudar a forma de consumir”

Três vencedores do Nobel de economia, Edward Prescott, Joseph Stiglitz e Robert Mundell, presentes em seminário sobre a crise em São Paulo, afirmaram que o fim da queda da economia global está próximo, mas seus efeitos serão sentidos por um bom tempo. A expectativa dos responsáveis pelos domicílios cariocas vai na mesma direção.

Essa expectativa é moldada pelos temores dos entrevistados. Com variações pontuadas pelas características do público entrevistado. Os homens temem mais a perda do emprego que as mulheres, enquanto as mulheres temem mais as dívidas que os homens. Os mais jovens e a melhor idade se preocupam mais com os preços dos produtos. As faixas etárias intermediárias com a perda do emprego. Os mais pobres temem mais as dívidas que os mais ricos, e estes mais a situação das aplicações financeiras.

Os temores motivam o comportamento diante da crise, que é o fruto desta nossa investigação. O carioca está disposto a mudar a forma de consumir, independente da sua renda, mas com freqüência maior entre os mais pobres. Todos pretendem consumir menos roupas, eletrodomésticos, refeições fora de casa, além de procurar alimentos de marcas mais baratas. Os mais pobres admitem a possibilidade de reduzir a lista de produtos alimentícios consumidos. E contrair novas dívidas também é descartado no planejamento financeiro de todas as classes sociais.

Não há dramatização da crise. De certa forma, a atenção foi dividida pelo temor da gripe A. Além disso, o presidente prega o otimismo, mas, na percepção do carioca, a marolinha ganha contornos bem mais robustos. Para cerca de 80% a crise está no início ou no meio, ou seja, para esse contingente, falta um bom tempo para a crise acabar. Contudo, para a maioria dos entrevistados o governo federal está agindo com competência para deter os efeitos da crise, embora para as mulheres essa percepção se inverta. É nesse clima que o governo tenta acalmar os ânimos e conduzir os comportamentos coletivos, como no caso da mudança dos critérios dos investimentos na poupança, que visa à manutenção dos pequenos investidores e desestimular a migração dos médios e grandes, dos fundos de investimentos para a poupança.

Os comentaristas econômicos sugerem cautela para toda a população. E este estudo mostra que esse conselho está sendo ouvido pelo consumidor da cidade do Rio de Janeiro. Mas, por ser a transparência a melhor arma contra a desconfiança, o governo deveria se tornar mais didático em suas explicações sobre as medidas e ações para enfrentar a crise, sem o uso dos nada amigáveis termos do “economiquês”. Ainda há um contingente considerável de consumidores que acredita que o governo não está agindo como devia, em parte por desinformação e desconhecimento. É fato que os economistas laureados pelo Nobel são categóricos em afirmar que o Brasil sairá mais forte da crise. Bem como, segundo a quase totalidade dos analistas, o governo está no caminho certo. Todo esse conjunto de informações não podia deixar de ser passado claramente para a opinião pública. Ótimo. Nada seria mais perigoso do que ter a opinião pública desgovernada, como se conduzida por quem “não se lixa”.

FÁBIO GOMES
Diretor do Instituto Informa

 




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