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“Hoje a energia elétrica é uma commodity sem cor nem cheiro, da qual a gente só tem informações quando chega a conta no fim do mês. A partir do momento em que se agrega informação a este produto, muda a qualidade do consumo e estima-se que mude o preço também”, diz o presidente da Associação de Empresas Proprietárias de Infraestrutura e Sistemas Privados de Telecomunicações (Aptel), Pedro Jatobá. Ele acredita que, a partir da implantação da medição eletrônica, a energia poderá ser “rotulada” tanto para a origem quanto para o consumo: o consumidor residencial pode assumir uma bandeira pessoal e comprar apenas energia vinda de fontes renováveis, por exemplo; ou pode comprar um pacote básico de energia para abastecer seus eletrodomésticos principais, e adquirir energia extra – sem desconto – para o ar condicionado no verão. “São apenas possibilidades”, diz Jatobá. Mas a partir do momento em que a distribuidora de energia conseguir ler as informações, detectar o tipo de consumo e puder cortar os abusos fora de contrato, a potencialidade de novos usos vai crescer exponencialmente.
Como a medição eletrônica já é usada em vários países e testes já estão sendo feitos no Brasil, ele diz que nova regulação do setor é urgente. “A cada dia que passa aumenta o risco de ter um setor desorganizado pelas leis. Nosso objetivo é que se possa tirar o melhor proveito do novo sistema em nível nacional”, diz. Segundo Jatobá, a Aptel está elaborando para o governo – em parceria com a Associação Brasileira de Distribuidores de Energia Elétrica (Abradee) – um projeto de planejamento do novo sistema “para que a regulamentação não seja espontânea e desorganizada”. “As discussões sobre o novo sistema elétrico serão de igual ou até maior magnitude do que ocorreu durante a definição do padrão de sistema de televisão digital”, defende.
O prazo para a implantação do sistema em nível nacional é estimado em dez anos, levando em conta que o Brasil tem 60 milhões de medidores de consumo de energia elétrica. “É uma grande oportunidade para desenvolver a indústria nacional, especialmente considerando que há outros 60 milhões na América Latina, onde o Brasil tem boas condições para exportar a tecnologia desenvolvida.” O parâmetro usado para estimar o prazo brasileiro é a Itália, que tem 30 milhões de pontos de leitura e levou quatro anos para implantar o sistema eletrônico de medição.
Além do furto
A maior parte dos testes de medição eletrônica remota no Brasil ainda tem fins econômicos imediatos porque reduz ou até mesmo elimina o furto de energia, o popular “gato”. No entanto, segundo Jatobá, países mais desenvolvidos – que não têm problema com furtos – estão mais voltados para o gerenciamento otimizado da energia elétrica e as funcionalidades que ela proporciona. O simples fato de o presidente dos Estados Unidos Barack Obama ter colocado o gerenciamento energético entre as bases do governo, de acordo com ele, irá agilizar o desenvolvimento mundial de tecnologias com esse fim.
Hoje no Brasil o sistema elétrico obedece praticamente à mesma lógica de quando a energia foi descoberta, de uma fonte de produção (geração) distante, ligada pelas linhas transmissoras até os consumidores. O sistema “smart grid”, como está sendo chamado atualmente, passa a contar com a geração de energia também de pequenas fontes, até então inimagináveis: os painéis solares de uma residência, por exemplo, contribuiriam com outras casas do mesmo bairro em momentos ociosos. “Nas cidades, pequenas estações eólicas e o próprio carro híbrido elétrico poderão ser fontes descentralizadas de energia, enquanto Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCHs) podem cumprir essa função no campo”, destaca Jatobá.
Já a internet via rede elétrica, que ganhou projeção ao ser apresentada como futuro da web, é um nicho à parte de tudo isso, e segundo Jatobá representa uma oportunidade de democratizar a comunicação. “A rede elétrica hoje alcança 98% das residências brasileiras. A rede telefônica fixa, que oferece internet, é a segunda maior, presente em 50% das casas. Se eu me obrigo a universalizar o novo sistema energético, eu estou chegando lá naqueles 48% onde não existe alternativa ou competitividade para ter telefone, dados ou televisão. Estou democratizando a informação”, afirma.