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 Defesa do Consumidor
 

Médicos alertam: nenhum remédio imuniza contra gripe A

Fonte: Gazeta do Povo 24/8/2009

Texto enviado ao JurisWay em 26/08/2009.

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A professora aposentada Maria Helena (nome fictício), 58 anos, ficou confusa quando a funcionária de uma farmácia de manipulação ligou para sua casa avisando que o medicamento homeopático dela contra a gripe A estava pronto. “Levei um susto. Eu não tinha encomendado nada”, conta. O médico Sidney (nome fictício) também ficou surpreso quando um paciente seu lhe falou que um outro médico tinha recomendado a vacina contra gripe comum para proteção contra a nova gripe, cobrando um valor 75% maior que o usual.

Em tempos de gripe A, em que o número de vítimas fatais da doença cresce em progressão geométrica, a população fica sem saber o que fazer e no que acreditar. E, quando as autoridades de saúde parecem falhar, a saída buscada é qualquer uma que aparecer primeiro. Um exemplo disso é a receita do tal chá de anis estrelado que correu a internet, por meio de e-mails, e fez com que a planta se tornasse o novo Tamiflu em sua versão popular, somente porque ambos contêm uma substância semelhante na composição. Mesmo sem comprovação científica sobre os seus efeitos, o chá de anis passou a ser recomendado de boca em boca, na falta do medicamento de marca, para o combate e prevenção da nova gripe.

É justamente em momentos como esse, porém, que as pessoas devem ficar mais atentas, dizem os especialistas. “É nessa hora que os espertos vão abusar da fé das pessoas”, afirma o presidente da Sociedade Paranaense de Infectologia e membro do Conselho Regional de Medicina do Paraná (CRM-PR), Alceu Fontana Pacheco.

Nesta semana, a reportagem entrou em contato com uma farmácia de manipulação da capital paranaense e encomendou a tal medicação homeopática contra gripe A. A informação passada pelos atendentes é que o remédio estaria sendo prescrito, a pedido de um médico, para todos os seus pacientes como forma de prevenção. Sem qualquer dificuldade, o pedido foi feito e os dois frasquinhos, um com a substância influenzinum e outro com colibacillinum, no valor total de R$ 15,80, foram apanhados no dia seguinte, sem qualquer consulta prévia, receita ou confirmação de dados.

De acordo com o presidente da Associação Médica Homeopática do Paraná, Jayme Simões, não existe nenhum medicamento homeopático contra a gripe A. Contudo, segundo ele, a homeopatia pode ser usada como forma de retomar o equilíbrio do corpo do indivíduo. Essas substâncias, já utilizadas na prevenção e tratamento da gripe comum, estimulam as defesas do organismo e, assim, melhoram a imunidade contra várias doenças.

O “x” da questão, porém, é que melhorar a imunidade de um paciente não significa dizer que ele ficará imune. “Se a medicação homeopática for usada da forma correta, o indivíduo fica menos suscetível a doenças e a tendência de pegar gripe A e outras é menor, mas fortalecer o organismo não significa que o indivíduo esteja imunizado”, explica Simões.

O tratamento homeopático correto, segundo Simões, prevê individualidade na terapêutica. “Não existe fórmula mágica que pode ser dada para todo mundo”, afirma. A individualização também acontece na produção do medicamento. Segundo a coordenadora da Vigilância Sanitária, Rosana Zappa, as farmácias de manipulação não podem produzir em escala. “A medicação tem de ser feita sob receita médica, paciente a paciente”, diz.

De acordo com Simões, para prescrever a medicação, ainda, é necessário que o médico avalie quais pacientes têm indicação ou não e qual será o remédio específico para cada um. A ideia de que “mal não faz” cai por terra, segundo Simões. De acordo com o médico, medicamentos homeopáticos utilizados indevidamente podem, sim, trazer efeitos colaterais sérios.

Vacina

Em relação à vacina, é preciso também estar bem informado. Para Pacheco, o fato de os pacientes acharem que estão imunizados contra a gripe A ao tomar a vacina contra gripe comum pode ser perigoso. “Isso pode desarmar as pessoas”, opina. A despeito de alguns artigos científicos levantarem a hipótese de que a vacina para gripe comum pode trazer alguma proteção contra o vírus da gripe A, por meio de uma reação cruzada, não há nenhuma comprovação científica sobre esse efeito.

“Eu sou a prova cabal de que a vacina para gripe sazonal não protege contra a pandêmica”, afirma Pacheco – o médico teve confirmação laboratorial de que pegou o vírus da nova gripe, mesmo tendo se vacinado contra a gripe comum. De acordo com Pacheco, todo médico, porém, tem o direito a ter uma opinião técnica sobre o assunto. “O que não pode haver é interesse econômico por trás disso”, explica.

Caso exista essa suspeita, o paciente deve procurar o CRM-PR e protocolar uma denúncia. Uma sindicância será aberta para investigar os fatos. Até o momento, o CRM-PR não registrou nenhuma denúncia contra profissionais e a abordagem em relação a prevenção e tratamento suspeito contra gripe A.



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