Anexo para as questões 9 a 21
Texto 1A18-I
Nos Estados Unidos da América, no século XIX, a passagem da polícia do sistema
de justiça para o de governo da cidade significou também a passagem da noção de
caça aos criminosos para a prevenção dos crimes, em um deslocamento do ato para
o ator. Como na Europa, a ênfase na prevenção teria representado nova atitude
diante do controle social, com o desenvolvimento pela polícia de uma habilidade
específica,
a de explicar e prevenir o comportamento criminoso. Isso acabou redundando no
foco nas "classes perigosas", ou seja, em setores específicos da
sociedade vistos como produtores de comportamento criminoso. Nesse processo,
desenvolveram-se os vários campos de saber vinculados aos sistemas de justiça
criminal, polícia e prisão, voltados para a identificação, para a explicação e
para a prevenção do comportamento criminoso, agora visto como
"desviante", como a medicina legal, a psiquiatria e, especialmente, a
criminologia.
Na Europa ocidental, as novas instituições estatais de vigilância deveriam
controlar o exercício da força em sociedades em que os níveis de violência
física nas relações interpessoais e do Estado com a sociedade estavam em
declínio. De acordo com a difundida teoria do processo civilizador, de Norbert
Elias, no Ocidente moderno, a agressividade, assim como outras emoções e
prazeres, foi domada, "refinada" e "civilizada". O autor
estabelece µm contraste entre a violência "franca e desinibida" do
período medieval, que não excluía ninguém da vida social e era socialmente
permitida e até certo ponto necessária, e o autocontrole e a moderação das
emoções que acabaram por se impor na modernidade. A conversão do controle que
se exercia por terceiros no autocontrole é relacionada à organização e à estabilização
de Estados modernos: nos quais a monopolização da força física em órgãos
centrais permitiu a criação de espaços pacificados. Em tais espaços, os
indivíduos passaram a ser submetidos a regras e leis mais rigorosas, mas
ficaram mais protegidos da irrupção da violência na sua vida, na medida em que
as ameaças físicas tornaram-se despersonalizadas e monopolizadas por especialistas.
C. Miuch. Considerações sobre a história da polícia. In:
MÉTIS: história & cultura, v.6, nº 11, jan/jun 2007, p. 107-19 (com adaptações)
Com relação às ideias e aos aspectos linguísticos do texto 1A18-I
precedente, julgue os itens 9 a 14.
Considerando os sentidos e os aspectos linguísticos do texto
1A18-I, julgue os itens 15 a 21.