Anexo para as questões 16 a 27
Texto 2 - Violência e favelas
O crescimento dos índices de violência e a dramática
transformação do crime manifestados nas grandes metrópoles são alarmantes,
sobretudo, na cidade do Rio de Janeiro, sendo as favelas as mais afetadas nesse
processo.
"A violência está o cúmulo do absurdo. É geral, não é? É
geral, não tem, não está distinguindo raça, cor, dinheiro, com dinheiro, sem
dinheiro, tá de pessoa para pessoa, não interessa se eu te conheço ou se eu não
te conheço. Me irritou na rua eu te dou um tiro. É assim mesmo que está, e é
irritante, o ser humano está em um estado de nervos que ele não está mais se
controlando, aí junta a falta de dinheiro, junta falta de tudo, e quem tem mais
tá querendo mais, e quem tem menos tá querendo alguma coisa e vai descontar em
cima de quem tem mais, e tá uma rivalidade, uma violência que não tem mais
tamanho, tá uma coisa insuportável." (moradora da Rocinha)
A recente escalada da violência no país está relacionada
ao processo de globalização que se verifica, inclusive, ao nível das redes de
criminalidade. A comunicação entre as redes internacionais ligadas ao crime
organizado são realizadas para negociar armas e drogas. Por outro lado,
verifica-se hoje, com as CPIs (Comissão Parlamentar de Inquérito) instaladas,
ligações entre atores presentes em instituições estatais e redes do
narcotráfico.
Nesse
contexto, as camadas populares e seus bairros/favelas são crescentemente objeto
de estigmatização, percebidos como causa da desordem social o que contribui
para aprofundar a segregação nesses espaços. No outro polo, verifica-se um
crescimento da autossegregação, especialmente por parte das elites que se
encastelam nos enclaves fortificados na tentativa de se proteger da violência.
(Maria de Fátima Cabral Marques Gomes, Scripta Nova)