ENEM 2013 - Linguagens, Códigos e suas Tecnologias
Elaboração: INEP
Linguagens, Códigos e suas Tecnologias
Elaboração: INEP
Prova aplicada em Outubro/2013

Questão 34 - Linguagens, Códigos e suas Tecnologias

Marcações visuais :

Você poderá efetuar marcações visuais de certo e errado no texto das questões.

Tudo no mundo começou com um sim. Uma molécula disse sim a outra molécula e nasceu a vida. Mas antes da pré-história havia a pré-história da pré-história e havia o nunca e havia o sim. Sempre houve. Não sei o quê, mas sei que o universo jamais começou. [...] Enquanto eu tiver perguntas e não houver resposta continuarei a escrever. Como começar pelo início, se as coisas acontecem antes de acontecer? Se antes da pré- pré-história já havia os monstros apocalípticos? Se esta história não existe, passará a existir. Pensar é um ato. Sentir é um fato.

Os dois juntos — sou eu que escrevo o que estou escrevendo. [...] Felicidade? Nunca vi palavra mais doida, inventada pelas nordestinas que andam por aí aos montes. Como eu irei dizer agora, esta história será o resultado de uma visão gradual — há dois anos e meio venho aos poucos descobrindo os porquês. É visão da iminência de. De quê? Quem sabe se mais tarde saberei. Como que estou escrevendo na hora mesma em que sou lido. Só não inicio pelo fim que justificaria o começo — como a morte parece dizer sobre a vida — porque preciso registrar os fatos antecedentes.

LISPECTOR, C. A hora da estrela. Rio de Janeiro: Rocco, 1998 (fragmento).

A elaboração de uma voz narrativa peculiar acompanha a trajetória literária de Clarice Lispector, culminada com a obra A hora da estrela, de 1977, ano da morte da escritora. Nesse fragmento, nota-se essa peculiaridade porque o narrador


A observa os acontecimentos que narra sob uma ótica distante, sendo indiferente aos fatos e às personagens.
  
B relata a história sem ter tido a preocupação de investigar os motivos que levaram aos eventos que a compõem.
  
C revela-se um sujeito que reflete sobre questões existenciais e sobre a construção do discurso.
  
D admite a dificuldade de escrever uma história em razão da complexidade para escolher as palavras exatas.
  
E propõe-se a discutir questões de natureza filosófica e metafísica, incomuns na narrativa de ficção.