Anexo para as questões 1 a 15
Atenção: As questões de números 1 a 15 referem-se ao texto abaixo.
Ensino que ensine
Jogar com as ambigüidades, cultivar o improviso, juntar o que se pretende irreconciliável e dividir o que se supõe unitário, usar falta de método como método, tratar enigmas como soluções e o inesperado como caminho − são traços da cultura do povo brasileiro. Estratégias de sobrevivência? Por que não também manancial de grandes feitos, tanto na prática como no pensamento? A orientação de nosso ensino costuma ser o oposto dessa fecundidade indisciplinada: dogmas confundidos com idéias, informações sobrepostas a capacitações, insistência em métodos "corretos" e em respostas "certas", ditadura da falta de imaginação. Nega-se voz aos talentos, difusos e frustrados, da nação. Essa contradição nunca foi tema do nosso debate nacional.
Entre nós, educação é assunto para economistas e engenheiros, não para educadores, como se o alvo fosse construir escolas, não construir pessoas. Preconizo revolução na orientação do ensino brasileiro. Nada tem a ver com falta de rigor ou com modismo pedagógico. E exige professorado formado, equipado e remunerado para cumprir essa tarefa libertadora.
Em matemática, por exemplo, em vez de enfoque nas soluções únicas, atenção para as formulações alternativas, as soluções múltiplas ou inexistentes e a descoberta de problemas, tão importante quanto o encontro de soluções. Em leitura e escrita, análise de textos com a preocupação de aprofundar, não de suprimir possibilidades de interpretação; defesa, crítica e revisão de idéias; obrigação de escrever todos os dias, formulando e reformulando sem fim. Em ciência, o despertar para a dialética entre explicações e experimentos e para os mistérios da relação entre os nexos de causa e efeito e sua representação matemática. Em história, e em todas as disciplinas, as transformações analisadas de pontos de vista contrastantes.
Isso é educação. O resto é perda de tempo. (...) Quem lutará para que a educação no Brasil se eduque?
(Roberto Mangabeira Unger, Folha de S. Paulo, 09/01/2007)
A | O autor não esconde sua admiração com os valores da nossa cultura, aos quais ele considera tão estimulantes no sentido de revolucionar nosso ensino. |
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B | O autor considera alguns traços da cultura do povo brasileiro altamente estimulantes a uma verdadeira − e mesmo indispensável − revolução no nosso sistema de ensino. |
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C | Não seria preciso negligenciarmos quanto aos nossos valores culturais para se obter bons resultados numa revolução do nosso ensino, conforme o preconiza o autor. |
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D | Já devem ter ocorrido a muitas pessoas que as reformas são necessárias em nossa educação, mas poucas dão sugestões ou se atrevem a propor uma autêntica revolução. |
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E | O autor se mostra intransigente ao ser necessária uma revolução em nosso sistema de ensino, haja visto que chega a considerá-lo atualmente uma perda de tempo. |
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