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Três virtudes essenciais ao ser humano: a humildade e o perdão, reflexos do AMOR existente em nós. Bem por isso, quem não perdoa não é humilde e jamais encontrará felicidade.
Texto enviado ao JurisWay em 14/02/2015.
As três virtudes essenciais.
Ser é a existência, o real, tudo aquilo que é, que existe, o concreto – verdadeiro.
Humano é o adjetivo imputado ao substantivo (homem[1]), cuja atribuição é indicar qualidade, caráter, modo de ser ou estado.
Ser humano, portanto, é a pessoa em si, tal como ela é/existe, incondicionalmente. É o homem, é a mulher (independentemente da forma de sua concepção), tão iguais, tão humanos quanto únicos em si, singular em suas ações, inigualável no particular, irrepetível na essência, “um estranho ímpar[2]”.
Complexidade é a qualidade de que é complexo. É dizer, não há uma única visão. Observa-se por diversos aspectos.
O ser humano é assim! Encerra representações de ideias caracterizadas por forte impregnação emocional, total ou parcialmente reprimidas, ora revelando seus sonhos, ora declarando seu comportamento, ora determinando suas atitudes...
Conceituar o ser humano é uma aventura incerta. É lançar-se ao desconhecido. É isso! O ser humano é o desconhecido. Sendo compreendido como a conjunção da existência (do ser, do que é real, da corporalidade) com seus atributos (aquilo que lhe é conatural, próprio, essencial).
Mais que isso, o ser humano é a existência confusa, impura, revolta, mal distinta, enigmática, desconhecida, obscura, enleada, perturbada, misteriosa, complicada, embaraçada, difícil de ser conhecida ou revelada (e porque não impossível?), intrincada.
Quanto à sua capacidade, aqui apresentada como a qualidade que cada ser humano possui para um determinado fim, habilidade ou aptidão, deixando-se as demais acepções como a jurídica, religiosa, física etc., é, como sua complexidade (do ser humano), descomedida, inexprimível, indecifrável, indizível.
Mas, o ser humano é também a existência mais esplêndida, pomposa, deslumbrante, suntuosa, extraordinária, anormal, descomunal, admirável, rara, sensacional, singular, notável, imprevisível, não alcançável, não determinável, monumental, magnífica, boa, maravilhosa, excelente, surpreendente, encantadora, bela – QUASE SOBRENATURAL. Sim!... Porque é isso e não só. Enfeixa, ainda, como sendo aquilo que é (existe) de mais estranho, esquisito, excêntrico, escabroso, incerto, suspeito, defeituoso, impreciso, vago, duvidoso, problemático, conflituoso, ambíguo, indeciso, irresoluto, indistinto, inconstante, vacilante, mas, para alívio é, também, por excelência, A EXISTÊNCIA MUDÁVEL.
Dito isso, reforça-me a certeza de que é – o ser humano –, a existência capaz de produzir os melhores e piores feitos. E o mais interessante, quer num ou noutro sentido, “quase sem culpa”.
Quase sem culpa não o isenta de declarar que é a existência que comete os maiores, bizarros, abomináveis, insuportáveis, estúpidos, detestáveis, péssimos e execráveis erros.
É, tal existência, a escória de todas. É a existência que intencionalmente engana, desonra, iludi, burla, trai, ofende, humilha, decepciona, abandona, desagrada, desaponta, contraria, abate, oprime, menospreza, desdenha, vexa, rebaixa, furta/rouba a consciência, aniquila, nulifica, anula, destrói, arruína, extingue, ceifa, extermina, destroça, devasta, arrasa, mata. E tudo isso (e não só) contra seu igual, aquela existência que tem mesma natureza, o mesmo plano, o mesmo valor, a mesma qualidade, a mesma condição, a mesma medida ou grau, tal qual como é! Mas ainda bem que tal existência, porque é mudável, FAZ E DESFAZ.
E por isso, o que existe – o humano –, de igual forma, é capaz de dedicar, apreciar, prezar, querer bem, proteger, apoiar, defender, socorrer, favorecer, beneficiar, abrigar, amparar, livrar do perigo e do dano, auxiliar, desculpar, absolver, poupar, evitar, atenuar, justificar, relevar, tolerar, indulgenciar, não fazer mal, tratar com clemência – RESPEITAR/PERDOAR/AMAR.
Quando acima ficou registrado que tais atos/comportamentos são “quase sem culpa”, quer num ou noutro sentido, é porque todos eles são conaturais ao ser humano. É elemento de sua essência, faz parte de sua complexidade, capacidade, condição e natureza. E por vezes, o faz na errônea certeza que escolheu o melhor ato, ou ainda, o fez (faz) despretensiosamente.
Assim sendo, para que nossos atos/comportamentos não sejam nefastos, causando desastrosas e irreversíveis consequências aos nossos iguais, desgraçando a eles e a nós, importa exercitarmos ao menos 03 virtudes especiais – HUMILDADE, PERDÃO E AMOR –, as quais, como tantas outras, estão presentes em nós.
Sim! O sentimento de reverência e acatamento dos interesses alheios, optando por submissão, não no sentido de submeter-nos à dependência de superioridade e/ou de um dominador, mas, entendido como o RESPEITO recíproco que é, no estágio ideal, a virtude HUMILDADE, que nos desvencilha do EGOÍSMO, este sim, entendido como o amor excessivo de si, julgando irrelevante o interesse de outrem e deste modo, subordinando-o ao próprio.
Não ocorrerá o respeito ao próximo se não formos verdadeiros para com nós mesmos. E o que se vê, no mais das vezes, é que insistimos em sermos dissimulados, hipócritas, fingidos, fabulosos, estupendos e o que é pior, em nós e para nós, fechando os olhos para nossos imorais procedimentos, faltosas atitudes, velados comportamentos encobertos com o véu do segredo, do secreto, do silêncio, do oculto, da discrição, do recôndito, do não manifesto/devassado, do escondido, do encoberto, da nossa maneira de ser e agir sem cálculos, impensadamente, precipitadamente, ansiosamente, açodadamente, imprudentemente, das nossas escolhas irresponsáveis, prejudiciais, danosas, nocivas, lesivas inclusive à nossa própria existência, albergados pelo manto da ARROGÂNCIA, da altivez de espírito, da soberba, do orgulho, da insolência, do atrevimento – da baldar sensação de superioridade.
Somente quando passamos a analisar e reconhecer em nós tais condutas, admitindo e confessando (para nós mesmos, ao menos) nossas falhas, nossos desvios de bom caminho, nossos erros, nossas manias, nossos vícios, inquietudes e obsessões, é que passaremos mais facilmente a valorar as ações de nossos iguais temperando com prudência, sensatez, atenção, ponderação, cuidado, reflexão, amabilidade, urbanidade, afabilidade e cortesia (e não só!).
Noutras palavras, o exercício do PERDÃO é intrínseco à virtude da HUMILDADE, vivendo e convivendo indissociavelmente. Perdoando é que nos libertamos das amarguras que fere de morte nossa alma, e isso só é possível quando somos humildes. Até porque, perdoar vai além do simplesmente esquecer. Perdoar é acima de tudo desprender-se do passado ou apegar-se a ele, é seguir em frente, é voltar atrás, de maneira que o perdão é liberdade, desembaraço, confiança, desimpedimento, mediante o qual abrolha a alegria, o júbilo, a exultação, (re) traz e/ou robustece a felicidade. É o perdão, o mais eficaz antídoto, pois ele apaga as nossas mágoas, alivia as nossas dores, restabelece a paz interior. E sabe por quê?
Porque o perdão e a humildade são reflexos do AMOR existente em nós. Bem por isso, quem não perdoa não é humilde e jamais encontrará felicidade. No máximo, viverá momentos furtivos de aparente ventura, mas, logo o indefinido estado de mórbida tristeza e depressão se apodera, porque perfeito é o amor enquanto dependente daquelas (humildade e perdão). Exercitamos, portanto, a humildade, o perdão e o amor.
Camaçari, 10 de Julho de 2014.
[1] Tomando-se a expressão homem na acepção ampla do termo, como sendo todo e qualquer indivíduo da espécie humana, sem distinção de sexo (ou preferência de sexo), idade, condição social, cor, origem, ideologia política, religiosa, desportivas ou quaisquer outras.
[2] Cf. “Ninguém é igual a ninguém. Todo ser humano é um estranho ímpar” de Carlos Drummond de Andrade.
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