Robôs invadem advocacia e serviço público
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Os robôs estão ocupando cada vez mais espaço no mundo jurídico.
Quem ganha? E quem perde?
Apesar de incluir esse texto na seção de Legendas Duplas, e apesar de incluir vídeos em língua inglesa, o objetivo principal dessa postagem não é treinar seu inglês, mas alertá-lo sobre mudanças que afetarão profundamente o futuro dos profissionais do setor jurídico em geral, não só da advocacia mas também do serviço público como um todo.
Por isso, além dos tradicionais vídeos em inglês, estou incluindo também notícias recentes e até um vídeo em português. Serão tratados os seguintes assuntos:
- Robôs ameaçam advogados
- Conheça o advogado robô que recorre de multas de trânsito
- Robôs vão substituir funcionários públicos aposentados no Brasil segundo ministro Paulo Guedes
- Ministro Dias Toffoli fala sobre a introdução da Inteligência Artificial no STF para agilizar julgamentos
- Transição para a 4ª Revolução Industrial será traumática para quem não se preparar
Você se lembra daquelas 11 palavras que têm aparecido com frequência nos nossos últimos episódios? Elas também se encaixam aqui, embora o contexto seja diferente.
"Your life as you know it will never be the same."
"A vida como você a conhece nunca mais será a mesma."
Ultimamente, tenho sentido um movimento maior no sentido de que a tecnologia está mudando radicalmente a realidade das pessoas que trabalham com o Direito.
Na verdade, parece que isso tudo não é tão novo assim, mas no início do mês eu participei de um evento sobre inovação no Direito no Brasil que abriu os meus olhos para uma outra realidade, e a partir daí eu comecei a enxergar situações que antes eu não via ou que não dava a devida atenção.
Não sei se as mudanças estão chegando com mais força agora, ou é só uma questão de percepção pessoal por eu estar mais interessado no assunto, mas depois que comecei a pesquisar, notei que agora as coisas estão mudando numa velocidade muito alta. Por isso, senti que eu deveria repassar isso de alguma forma para o público do JurisWay. É o que vim fazer aqui hoje.
Para início de conversa, quero compartilhar com vocês um vídeo do The Daily Show, um programa humorístico exibido nos Estados Unidos. Neste episódio, o comediante Ronny Chieng faz o papel de um advogado revoltado com os avanços tecnológicos no judiciário. Confira:
Claro que é uma sátira, mas as pessoas com quem Ronny Chieng conversou no episódio são reais, e elas passam informações também reais.
Joshua Browder, por exemplo, é um jovem que hoje tem 22 anos e, segundo seu perfil no Linkedin, está trabalhando para tornar a justiça livre, automatizada e instantânea.
Working on making the law free, automated and instant.
Joshua Browder on Linkedin
Joshua começou com 18 anos quando, depois de aprender a programar sozinho por meio de sites como o YouTube, criou o DoNotPay, um aplicativo para iPhone que ajudava pessoas a recorrerem de multas de estacionamentos em Nova Iorque e Londres.
O aplicativo pedia que as pessoas respondessem a algumas perguntas e, no final, sem qualquer custo, oferecia a uma petição para ser levada ao órgão responsável por analisar os recursos.
Segundo o The Guardian (https://www.theguardian.com/technology/2016/jun/28/chatbot-ai-lawyer-donotpay-parking-tickets-london-new-york), em reportagem de Junho de 2016, em 21 meses de funcionamento, usuários fizeram aproximadamente 250.000 recursos através do DoNotPay, e obteveram sucesso em cerca de 160.000 deles (64%), o que equivale a mais de 4 milhões de dólares em multas de estacionamento recuperadas. De lá pra cá esse número já atingiu 16 milhões de dólares.
E agora, o aplicativo conta a ajuda do Watson, o robô de inteligência artificial da IBM, e já atua em vários outros ramos além do recurso de multas. Além de outras ações de massa, como, por exemplo, processar a Equifax (empresa de proteção ao crédito similar ao SPC e Serasa no Brasil) por danos morais em virtude de erros que causaram restrições ao crédito, o aplicativo também permite processar qualquer pessoa ou empresa em valores relativamente baixos no que eles chamam de Small Claims Court (Tribunal de Pequenas Causas), algo como os nossos Juizados Especiais.
My robots are out to get you, lawyers!
Meus robôs estão aí fora para pegar vocês, advogados!
Confira uma entrevista mais recente e mais séria com o rapaz, na qual ele explica com mais detalhes o que vem fazendo, e ameaça os profissionais do Direito dizendo que o seu aplicativo DoNotPay terá sucesso se a palavra “advogado” for completamente varrida dos dicionários das pessoas comuns.
Se tiver curiosidade, dê uma olhada no robô de Joshua em ação. O vídeo abaixo mostra uma simulação de um cidadão comum usando o aplicativo para criar um recurso contra uma multa de trânsito. O vídeo é mudo, e em alguns momentos pode ser necessário pausar o vídeo para ler todas as informações, mas é interessante ver como tudo funciona.
Talvez, ao ver a palavra robô pela primeira vez, você tenha imaginado alguns dos robôs que apareceram no primeiro vídeo, ou mesmo aos robôs dos filmes de cinema. Aqueles, com formas humanoides, muitas vezes feitos de lata ou mesmo alguns casos clones idênticos a seres humanos cheios de circuitos por dentro.
Bem, como você deve ter percebido, não é a esses robôs que estamos nos referimos aqui.
A definição mais ampla de robôs abrange quaisquer dispositivos (desde máquinas com braços robóticos, passando por computadores e até microchips) capazes de repetir com facilidade, rapidez e precisão alguns comandos, seja de maneira autônoma ou pré-programada.
Assim, até mesmo softwares específicos podem ser chamados de robôs.
Os mais conhecidos, até mesmo por tentarem emular comportamentos humanos, são os assistentes pessoais e os atendentes virtuais com inteligência artificial, como é o caso da Siri (para quem usa um iPhone) e daqueles bots de chats virtuais usados em vários sites da internet e que também foi utilizado no aplicativo DoNotPay.
Entretanto, mesmo simples páginas da internet contendo formulários para entradas de dados podem ser chamadas de robôs, pois automatizam processos repetitivos. Essas páginas recebem as informações do usuário, levam-nas a um computador central chamado de servidor que processa as informações e extrai os dados relevantes, relaciona esses dados com outros pré-existentes (com ou sem uso de inteligência artificial), faz cálculos, grava e recupera informações e devolve uma página de resposta para que seja disponibilizada e exibida ao usuário pelo próprio navegador de internet.
Assim, se você pensar bem, já estamos cercados de robôs por todos os lados, e já há algum tempo que eles começaram a fazer serviços que há algum tempo atrás eram feitos por pessoas de carne e osso.
A novidade é que a velocidade com que isso está acontecendo recentemente está cada vez maior. E se você pensa que isso só está acontecendo nos Estados Unidos, está enganado...
Robôs vão substituir funcionários públicos aposentados no Brasil
https://www.valor.com.br/brasil/6426589/itf-pode-arrecadar-ate-r-150-bi-por-anohttps://www.gazetadopovo.com.br/republica/breves/governo-digitalizar-trabalho-servidor-aposentado-guedes/
No último dia 9 de setembro, a revista Valor Econômico publicou entrevista com o atual Ministro da Economia Paulo Guedes, na qual ele afirma que pretende redesenhar a estrutura do governo federal, que está hipertrofiado, com excesso de funcionários.
Uma das soluções que ele vê para o problema é informatizar os serviços prestados pelo setor público. A ideia é aproveitar que cerca de 40 a 50% dos servidores federais vão se aposentar nos próximos 5 anos e não fazer concursos públicos para preencher suas vagas, reduzindo assim naturalmente o número de funcionários públicos e, portanto, a folha de pagamentos.
"40% dos servidores vão se aposentar e temos que digitalizar tudo!"
Paulo Guedes, Ministro da Economia
O principal exemplo de sucesso que ele dá é o INSS, que tinha 96 serviços prestados fisicamente e que destes, 90 já passaram a ser prestados de forma digital.
Além da economia com funcionários, a informatização também favorece o usuário final dos serviços. Guedes diz que a digitalização de processos e serviços permite que pessoas façam em dias ou mesmo horas o que antes levava seis meses ou mais para ser concluído.
Inteligência Artificial chega ao Supremo Tribunal Federal
https://epocanegocios.globo.com/Brasil/noticia/2019/08/epoca-negocios-inteligencia-artificial-pode-dar-mais-eficiencia-ao-judiciario-diz-toffoli.htmlhttps://www.mackenzie.br/noticias/artigo/n/a/i/inteligencia-artificial-em-ambientes-juridicos-e-pauta-no-mackenzie/
Com o avanço das tecnologias de inteligência artificial (IA), as questões sobre o tema estão em alta.
No último dia 30 de agosto, a UPM (Universidade Presbiteriana Mackenzie) realizou uma série de palestras sobre a utilização da Inteligência Artificial em ambientes jurídicos, e um dos participantes foi justamente o presidente do STF (Superior Tribunal Federal), Dias Toffoli.
O magistrado demonstrou que já existe um esforço da justiça brasileira para introduzir a utilização da inteligência artificial, como por exemplo no uso de um software que prepara mandatos, intimações e citações judiciais.
"O uso de ferramentas inteligentes poderá nortear decisões e evitar o eventual uso predatório do sistema de justiça em casos complexos."
Dias Toffoli, Ministro Presidente do Supremo Tribunal Federal (STF)
Toffoli acredita que a inteligência artificial poderá dar mais eficiência à análise de processos, tornando mais produtivo o sistema judiciário brasileiro. Adiantou, contudo, que o objetivo do uso da inteligência artificial não é decidir, mas facilitar e agilizar a tomada de decisão.
"Instalamos um laboratório de inteligência artificial para o desenvolvimento de ferramentas, iniciando o foco nos milhões de casos de execução fiscal, que são muito parecidos, para ter uma atuação mais célere."
Dias Toffoli, Ministro Presidente do Supremo Tribunal Federal (STF)
Quais as consequências da invasão dos robôs na advocacia, no serviço público e no mundo jurídico em geral?
Se você é um usuário de serviços, saiba que a tendência em um futuro próximo é de que a justiça em geral se torne mais célere, mais acessível, mais barata e, portanto, mais justa. É um horizonte absolutamente promissor.
Por outro lado, se você for um profissional do Direito, dependerá do seu ponto de vista. O fato é que alguns vão aproveitar e surfar a onda. Entretanto, outros serão, com certeza, engolidos por ela.
Hoje, o desenvolvimento da inteligência artificial está em estágio inicial e, apesar dos avanços, ainda é bastante limitada. Assim, levará algum tempo até que os robôs entrem com força total e revolucionem o judiciário fazendo com que demandas que duram anos e anos possam ser resolvidas em questão de dias.
Mas o fato é que a tecnologia avança a passos cada vez mais largos.
"É um caminho invariavelmente sem volta. Nós precisamos entender de que forma isso se dará. Precisamos iniciar esse debate. Não sabemos quando acontecerá, mas sabemos que ao falarmos em tecnologia, falamos em um tempo muito curto.
Adriano Caldeira, professor de Direito e um dos organizadores do evento na UPM."
No estágio atual, a inteligência artificial está se tornando cada vez melhor em aprender a extrair dados de textos através da identificação de padrões. A partir do momento em que textos comuns, escritos em linguagem normal, possam ser transformados em dados padronizados de forma segura e com alto nível de precisão, a automação vai, sem dúvida alguma, começar a afetar de forma arrebatadora os empregos hoje ditos como intelectuais, como a advocacia por exemplo.
Certas habilidades mais básicas dos advogados, que hoje ainda são valorizadas, poderão se tornar obsoletas numa velocidade incrível, e aqueles que fizerem depender sua empregabilidade dessas habilidades passarão por sérias dificuldades, e precisarão se reinventar para continuar na advocacia, pois do contrário perderão totalmente sua relevância profissional.
Robôs, aqui representados por programas de computador instalados em máquinas comuns, aplicativos de celular e serviços acessados através da internet por qualquer dispositivo, poderão substituir milhares e milhares de profissionais em todo o país.
E se hoje o profissional do Direito no Brasil já enfrenta um grave problema de empregabilidade devido à grande expansão do número de advogados (hoje já são mais de 1 milhão e duzentos mil advogados cadastrados na OAB e mais de 1400 faculdades de Direito alimentando esse número a cada semestre), imagine quando as máquinas invadirem o mercado de forma mais agressiva...
A transição será traumática
Esses dias eu conversei sobre o assunto com um grande amigo, Crhistian Souza, que é cientista da computação e, com 20 anos de atuação no mercado, tornou-se especialista em carreira, gestão e liderança.
Ele me disse que, ao longo da história, se observarmos setores nos quais mudanças como essas já aconteceram, perceberemos que vários empregos simplesmente desaparecem.
Posteriormente, outros novos postos de trabalho surgiram para suprir o novo mercado criado pela tecnologia. E não raro foram criados até mais empregos do que os que existiam anteriormente, mas as habilidades exigidas normalmente eram totalmente diferentes.
Assim, na maior parte dos casos, aqueles que perderam seus empregos não foram os mesmos que ocuparam as novas vagas que surgiram.
"A transição é sempre difícil e muitas vezes bastante traumática para aqueles que ignoram os acontecimentos a sua volta ou optam por lutar contra o avanço tecnológico ao invés de reconhecerem de imediato a inevitável mudança e se prepararem com uma certa antecedência para aproveitar as próximas oportunidades."
Crhistian Souza, especialista em carreira, gestão e liderança
Para ajudar na reflexão, ele indicou o vídeo abaixo (em português mesmo, criado em 2016) que traz à tona o caso da empresa Kodak que, por deliberadamente ignorar a revolução que as câmeras digitais poderiam gerar, perdeu toda a sua relevância em pouco tempo e acabou falindo.
Além do caso Kodak, o vídeo também retrata o avanço da Inteligência Artificial e a dificuldade que advogados jovens nos Estados Unidos estão tendo para conseguir emprego, chegando a aconselhar que estudantes de Direito parem o curso imediatamente.
Como todo vídeo de projeção do futuro, em alguns pontos ele pode parecer meio fora da realidade ou exagerado, mas vale a reflexão de qualquer forma. Confira:
E você?
Está ansioso pelas soluções que poderão surgir com o avanço da revolução tecnológica?
Ou está receoso, com medo das consequências da revolução no mercado de trabalho?
Já experimentou algum avanço ou melhoria em sua realidade relacionada ao Direito ocasionada pela evolução dos sistemas computacionais?
Ou ficou sabendo de algum caso de profissionais do Direito que perderam suas funções por causa da automação?
Sente que está preparado para enfrentar esse novo mundo?
Conte pra gente lá embaixo no espaço para comentários. Estou curioso para saber como você tem encarado todas essas novidades.
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