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Produtos vindos de fora foram 22,7% do consumo no 3º trimestre.
É o maior nível desde o início da pesquisa da Fiesp, em 2003.
Os produtos importados responderam por 22,7% de tudo o que foi consumido no Brasil entre julho e setembro de 2010, percentual recorde desde 2003, início da série histórica trimestral da pesquisa, de acordo com dados divulgados nesta quinta-feira (18) pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp).
A forte entrada de produtos estrangeiros em detrimento das exportações é problema grave que pode gerar desemprego já no ano que vem e até recessão em 2012, na opinião do diretor de Relações Internacionais e Comércio Exterior(Derex) da Fiesp, Roberto Giannetti da Fonseca.
"Não me surpreenderia se daqui a seis meses estivermos falando em 30% (de participação dos importados no consumo), o que representa mais indústrias fechadas, mais desemprego e transferência de produção para países asiáticos", diz ele, que acredita que são as importações que estão sendo mais beneficiadas pelo consumo nacional aquecido.
A parcela se refere ao consumo aparente, soma da produção e das importações menos as exportações. De acordo com levantamento da Fiesp, o resultado do coeficiente de importação, que mede a participação das importações no consumo, cresceu dois pontos sobre o trimestre anterior e de 4,6 pontos sobre o mesmo período de 2009.
A estimativa é de que, com tanta importação, a balança comercial de produtos industrializados (que exclui matérias-primas) deve terminar o ano negativa em mais de US$ 60 bilhões.
"Nós preventivamente já estamos vendo isso como um cenário possível no primeiro trimestre do ano que vem: uma queda do consumo e uma queda na atividade industrial se não se tomarem medidas para mudar uma situação que já é anunciada", afirmou o Gianetti durante a apresentação dos dados na sede da Fiesp, em São Paulo.
O aumento reflete a forte expansão das importações, que cresceram 41,7% no terceiro trimestre na comparação anual, período em que o consumo aparente aumentou 12,9% e a produção da indústria geral brasileira, 7,9%.
Do crescimento de 12,9% do consumo aparente no Brasil, 58,4% da fatia acrescida foi atendida pelos importados, contra 41,6% da indústria nacional.
O levantamento da Fiesp indica que a importação cresceu em todos os setores da indústria, com destaque para o de máquinas para fins industriais, produtos químicos, material eletrônico e siderurgia.
"Se produzirmos déficits em conta corrente expressivos como esse por três anos seguidos, o mercado financeiro vai colocar o país em sinal amarelo. Podemos perder o investment grade", disse o diretor, referindo-se à nota atribuída por agências de classificação de risco a países que têm as contas equilibradas e são considerados bons pagadores.
Exportações
O coeficiente de exportações, no entanto, também aumentou: passou de 17,7% para 19,2% do segundo trimestre para o terceiro.
O crescimento, no entanto, é bem concentrado. Quatro produtos (minério de ferro, óleo bruto de petróleo, soja e açúcar de cana) aconcentravam 1/3 da pauta de exportações brasileira, de acordo com a Fiesp. Em 2006, dez produtos somados alcançavam a mesma participação.
Segundo os números da Fiesp, apenas um manufaturado se mantém entre os 10 mais exportados: os automóveis. Dado que, segundo Gianetti, reflete mais as exportações intraindustriais, em que as montadoras mandam peças e componentes de um país para outro para sustentar a produção em suas fábricas.
Vacina tríplice
Conforme informou o diretor da Fiesp, representantes da entidade já estão em contato com a equipe de transição do governo da presidente eleita, Dilma Rousseff, para reivindicar medidas para reverter esse cenário já no começo do ano.
A entidade defende foco imediato, que ele compara a uma vacina, em três frentes: diminuir o custo de investimentos no Brasil, combater a valorização do real impondo mais risco ao dinheiro especulativo e agilizando a devolução de créditos tributários acumulados aos exportadores.
Entre as propostas da "tríplice" defendidas pela Fiesp estão o aumento para 180 dias da permanência mínima do dinheiro no Brasil exigida para investidores estrangeiros via mercado financeiro.
Além disso, automatizar e assim garantir a devolução dos cerca de R$ 20 bilhões que, estima a entidade, estão acumulados em créditos tributários a serem devolvidos aos exportadores.
Também está na pauta de reivindicações a desoneração "absoluta" de investimentos em logística no país, como em hidrovias, dutos e portos. "Com o nível de imposto cobrado hoje, é preciso ter uma taxa de retorno gigantesca para ser um investimento atraente", diz.