Prova Concurso Público - TRE/RR - Analista judiciário - Área Judiciária - Março/2015 - FCC

Questão Difícil
(0% a 30% de acertos)

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578 pessoas responderam.

Gramática e Interpretação de texto da Língua Portuguesa

Anexo para as questões 1 a 6


Atenção: Considere o texto abaixo para responder às questões de números 1 a 6.

Conselhos a o candidato

Certa vez um enamorado da Academia, homem ilustre e aliás perfeitamente digno de pertencer a ela, escreveu-me sondando-me sobre as suas possibilidades como candidato. Não pude deixar de sentir o bem conhecido calefrio aquerôntico, porque então éramos quarenta na Casa de Machado de Assis e falar de candidatura aos acadêmicos sem que haja vaga é um pouco desejar secretamente a morte de um deles. O consultado poderá dizer consigo que "praga de urubu não mata cavalo".

Mas, que diabo, sempre impressiona. Não impressionou ao conde Afonso Celso, de quem contam que respondeu assim a um sujeito que lhe foi pedir o voto para uma futura vaga:

− Não posso empenhar a minha palavra. Primeiro porque o voto é secreto; segundo porque não há vaga; terceiro porque a futura vaga pode ser a minha, o que me poria na posição de não poder cumprir com a minha palavra, coisa a que jamais faltei em minha vida.

Se eu tivesse alguma autoridade para dar conselhos ao meu eminente patrício, dir-lhe-ia que o primeiro dever de um candidato é não temer a derrota, não encará-la como uma capitis diminutio, não enfezar com ela. Porque muitos dos que se sentam hoje nas poltronas azuis do Trianon, lá entraram a duras penas, depois de uma ou duas derrotas. Afinal a entrada para a Academia depende muito da oportunidade e de uma coisa bastante indefinível que se chama "ambiente". Fulano?

Não tem ambiente. [...]

Sempre ponderei aos medrosos ou despeitados da derrota que é preciso considerar a Academia com certo senso de humour. Não tomá-la como o mais alto sodalício intelectual do país. Sobretudo nunca se servir da palavra "sodalício", a que muitos acadêmicos são alérgicos. Em mim, por exemplo, provoca sempre urticária.

No mais, é desconfiar sempre dos acadêmicos que prometem:

"Dou-lhe o meu voto e posso arranjar-lhe mais um".

Nenhum acadêmico tem força para arranjar o voto de um colega.

Mas vou parar, que não pretendi nesta crônica escrever um manual do perfeito candidato.

(BANDEIRA, Manuel. Poesia completa e prosa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1993, vol. único, p. 683-684)

*aquerôntico = relativo ou pertencente a Aqueronte, um dos rios do Inferno, atravessado pelos mortos na embarcação conduzida pelo barqueiro Caronte.

*capitis diminutio: expressão latina de caráter jurídico empregada para designar a diminuição de capacidade legal.



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3ª Questão:

No Dicionário Houaiss encontra-se que sodalício é palavra que designa grupo ou sociedade de pessoas que vivem juntas ou convivem em uma agremiação; confraria.

Deduz-se corretamente que, segundo o autor, o emprego da palavra reflete



a) prepotência, como demonstração de conhecimentos que ultrapassam o dos demais acadêmicos.

161 marcações (28%)
b) insistência, na tentativa de angariar adeptos para o ingresso no grupo de escritores.

39 marcações (7%)
c) conhecimento aprofundado, pois se trata de um grupo formado por escritores eruditos.

169 marcações (29%)
d) pedantismo, tendo em vista tratar-se de termo praticamente desconhecido no uso diário da língua.

157 marcações (27%)
e) ignorância que, já de início, se torna obstáculo intransponível para a eleição pretendida.


52 marcações (9%)


Lembre-se: Salvo disposição em contrário, as questões e o gabarito levam em consideração a legislação em vigor à época do edital desta prova, que foi aplicada em Março/2015.