Prova Concurso Público - TJ/PE - Oficial de Justiça - Maio/2007 - FCC

Questão Fácil
(acima de 60% de acertos)

Até agora, 64% acertaram esta questão.

3.076 pessoas responderam.

Língua Portuguesa

Anexo para as questões 1 a 15

Atenção: As questões de números 1 a 15 referem-se ao texto que segue.

Duzentas gramas

Tenho um amigo que fica indignado quando peço na padaria "duzentas" gramas de presunto - já que a forma correta, insiste ele, é duzentos gramas. Sempre discutimos sobre os diferentes modos de falar. Ele argumenta que as regras de pronúncia e de ortografia, já que existem, devem ser obedecidas, e que os mais cultos (como eu, um cara que traduz livros) devem insistir na forma correta, a fim de esclarecer e encaminhar gente menos iluminada.

Eu sempre argumento que, quando ele diz que só existe uma forma correta de falar, está usurpando um termo de outro ramo, que está tentando aplicar a ética à gramática, como se falar corretamente implicasse algum grau de correção moral, como se dizer "duzentas" significasse incorrer numa falha de caráter, e dizer duzentos gramas fosse prova de virtude e integridade.

Ele vem então com aquela de que se pode desculpar a moça da padaria quando fala "duzentas", pois ela desconhece a norma culta, mas quanto a mim, que a domino, demonstro uma falha de caráter ao ignorá-la em benefício dos outros - só para evitar o constrangimento de falar diferente. "Quem sabe fazer o bem e não o faz comete pecado" - parece concluir.

Eu reconheço, sim, que falo de forma diferente dependendo de quem seja meu interlocutor. Às vezes uso deliberadamente formas como "tentêmo" ou "vou ir". Pelo mesmo motivo, todas as gírias e dialetos locais me interessam. Não que - por exemplo - a decisão de dizer "duzentas" gramas seja consciente, uma premeditação em favor da inclusão social. É que, algumas vezes, a coisa certa a se fazer - sobretudo na linguagem falada - é ignorar a norma, ou pervertê-la. Quando peço "duzentas gramas de presunto, por favor", a moça da padaria invariavelmente repete, como que para extorquir minha profissão de fé à norma inculta:

DUZENTAS?

Duzentas, confirmo eu, já meio arrependido, mas caindo, ainda assim, em tentação.

(Adaptado de Paulo Brabo, site A bacia das almas)


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1ª Questão:

A posição do autor do texto em relação aos diferentes níveis de linguagem é a de quem,

a) por desconhecer a norma culta, não pode mostrar constrangimento quando não fala corretamente.

260 marcações (8%)
b) por dominar a norma culta, sente-se à vontade para deturpá-la, sem que haja qualquer razão para isso.

297 marcações (10%)
c) mesmo dominando a norma culta, não hesita em transgredi-la, quando isso favorece a comunicação com os outros.

1.959 marcações (64%)
d) por desconhecer a norma culta, despreza a presunção das pessoas que insistem em corrigir quem fala incorretamente.

206 marcações (7%)
e) mesmo dominando a norma culta, desobedece-a sistematicamente, não importando a situação de uso da linguagem.

354 marcações (12%)


Lembre-se: Salvo disposição em contrário, as questões e o gabarito levam em consideração a legislação em vigor à época do edital desta prova, que foi aplicada em Maio/2007.