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" A CONCEPÇÃO DO TEMPO "


Autoria:

Carleial.bernardino Mendonça


Carleial.Bernardino Mendonça. Psicólogo-Clínico pela Universidade católica de Minas Gerais; Escritor e Pesquisador nas áreas da Psicobiologia e do Direito e, Bacharelando em direito da Faculdade de Direito Estácio de Sá,em Belo Horizonte-MG.

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Resumo:

No verão de 1990, o autor deste trabalho necessitou com urgência de um táxi para atender uma emergência.O Tempo de espera pela condução que o levaria ao local desejado foi o triplo do normal que se espera por um táxi quando não se tem tanta pressa.

Texto enviado ao JurisWay em 03/02/2011.

Última edição/atualização em 04/02/2011.



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                      “A  CONCEPÇÃO  DO  TEMPO” 

 

No verão de 1990, o autor deste trabalho necessitou com urgência de um táxi para atender  uma emergência.O Tempo de espera pela condução que o levaria ao local desejado foi o triplo do normal que se espera por um táxi quando não se tem tanta pressa. Quando apareceu um, em condições de levá-lo, o trajeto foi repleto de obstáculos à locomoção rápida do veículo, como: engarrafamento, semáforos fechados e pedestres atrapalhando o trânsito. Lembrei-me que em outras condições normais, quando não se tem pressa ou urgência, muitos taxis vazios e muitos ônibus passam ao nosso lado e os semáforos ficam todos verdes e pouco ou nenhum engarrafamento atrapalham a nossa viagem. Observando muitos fatos como estes, pesquisando e analisando relatos semelhantes de diversas pessoas, decidimos escrever sobre eles, a fim de proporcionar idéias  e estudos mais aprofundados de outros pesquisadores, sobre tão inusitados fenômenos.

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Uma das coisas curiosas da nossa vida é a concepção do tempo em determinadas circunstâncias. Sabe-se que de acordo com o nosso estado mental, percebemos de formas variadas e, até opostas, a passagem das horas. Essa distorção temporal é mais evidente nas sensações dos extremos: “prazer-sofrimento” e “tristeza-alegria”. Muitos de nós já experimentamos a aflição de “ver” o tempo “não passar”, nos momentos de grande ansiedade, aflição e sofrimento.

Uma noite com dor de dente, por exemplo, a espera de um resultado cirúrgico,  quando os familiares aflitos aguardam a recuperação do paciente agravado. O resultado de um concurso ou de uma chance para um emprego; a espera que o dia amanheça em uma longa noite de insônia; a expectativa ansiosa de alguém que espera o retorno da pessoa amada; o táxi que não aparece quando estamos apressados; o mal-estar pela demora de um filme, teatro ou qualquer cerimônia que não estão nos agradando; ou que fomos forçados a assistir. Como por outros exemplos, podemos citar a noite interminável em um velório; a longa noite de um náufrago, debatendo-se na escuridão do Oceano, à espera do socorro! A angústia prolongada, quando se aguarda o apito final de um jogo finalista na Copa do Mundo, por exemplo, quando a nossa Seleção está vencendo apenas por um tento! A espera demasiadamente longa de um feliz ganhador da Loteria, aguardando o dia seguinte para por as mãos na sua “bolada” que está guardada na Caixa Econômica. Sinta a lentidão do tempo quando se espera  a comida que não fica pronta quando se está com muita fome! Veja outras situações adversas que nos dão a impressão de que o tempo se arrasta com lentidão enervante. Muito sentimos e ouvimos falar da “elasticidade” do tempo, nesses momentos de ansiedade que de uma forma ou de outra, todos nós experimentamos durante a nossa existência. E o contrário, quando os momentos que vivenciamos são alegres e desejados?

Aí, sucede-se o contrário! Temos a nítida impressão que as horas fogem rapidamente. “ O tempo voa”; é o que dizem as pessoas nos momentos de alegria e de prazer. Quando estamos em uma festa que nos agrada; num espetáculo ou evento alegre, desejado e que nos apraz! Nesses casos a sensação que temos é que tudo aconteceu em segundos e nem percebemos a rapidez do tempo que passou, entre o começo e o fim  desses fatos agradáveis. Veja os quatro dias de Carnaval para os foliões; passam como um relâmpago e como chega depressa à quarta-feira de cinzas! Entretanto, para os que não gostam do Carnaval e querem ter sossego; aqueles dias de festa duram uma eternidade! Como sentimos curta a duração de um filme que está nos agradando; mesmo que o filme seja de longa metragem. A  impressão que se tem é que duraram alguns minutos.

Também acontece o mesmo na leitura de um livro ou revista agradáveis; o início da leitura e o seu término estão tão próximos que ficamos contando as páginas que faltam, torcendo para não acabarem. O contrário ocorre, quando não estamos gostando da leitura ou fomos forçados a ler para atender alguém ou para fazer um trabalho escolar; neste caso, quanto mais lemos depressa, mais páginas ainda faltam para acabar e ficamos contando as restantes, ansiosos para logo acabarem. Veja como passam rápidos os dias de nossas férias e como se prolongam os dias de trabalho para quem está estressado e “doido” para viajar e gozar as férias! Se formos doentes para um hospital, como se arrastam as horas antes da “alta”  e como “correm” as horas após a “alta” do hospital! Dá para se avaliar o sofrimento das pessoas que são seqüestradas, com a demora nas negociações para a sua libertação. É só perguntarmos a quem passou por tal experiência, que ouvirá sobre a angústia do tempo interminável nas mãos dos bandidos. Outro exemplo comum da lentidão do tempo quando se sofre é o que acontece com as pessoas que têm medo de viajar de avião.

Essas pessoas se angustiam com a lentidão das horas do vôo; entretanto, quando estão na sala de espera e até chegarem à porta da aeronave, o tempo passa rapidíssimo! São tantos os exemplos dessas distorções da percepção do tempo que se fôssemos enumerá-los, teríamos que preencher muitas páginas com eles. Uma das mais flagrantes distorções quanto à aceleração das horas nos momentos agradáveis é quanto ao prazer sexual. Não é novidade que o sexo sadio, respeitoso e romântico entre duas pessoas conscientes e que se amam, é a emoção mais prazerosa que um ser humano pode experimentar. É neste caso que o tempo nos dá a impressão mais nítida de sua fluidez e finitude. A fugacidade do prazer erótico é notório e patente, principalmente para os sexo-maníacos, deixando os amantes com a sensação que tudo não passou de uma ilusão e que o gozo foi uma quimera, uma fantasia (embora o orgasmo tenha acontecido há apenas alguns minutos).

O sono é outro exemplo da “rapidez” da passagem das horas. Para quem dorme por não “ver” o tempo passar, quando acorda tem a impressão que o tempo passou muito rapidamente. Por isso é que muitas pessoas quando estão em conflito, dormem muito; tal como se vê entre os depressivos e em alguns neuróticos. Há ocasiões em que somos mais afetados pela percepção distorcida do tempo. Estas ocasiões se evidenciam mais nos elevadores e nos semáforos.

Quando estamos em um elevador conduzindo um peso; quando estamos com pressa ou quando a presença de outra pessoa nos incomoda; temos a impressão que o elevador ficou mais lento e que o andar desejado demora mais a chegar. Experimente contar os andares que passam pela janelinha do elevador! Parece que eles se “alongaram”. Agora, veja o que acontece quando você não está com pressa para chegar ao seu andar porque tem uma bela e boa companhia ao seu lado; seja porque está lendo uma notícia muito interessante no jornal ou numa revista. Neste caso, é impressionante  a “rapidez” do elevador em chegar ao andar desejado. Outro exemplo clássico é quando paramos o carro em um semáforo. Quando estamos apressados ele “demora” mais em abrir; quando estamos tranqüilos e sem pressa e aproveitamos a parada para dar uma olhadela em um jornal ou revista. Logo nos assustamos com as buzinadas dos carros na nossa traseira. Pergunte a qualquer motorista de táxi sobre estes fenômenos que ele logo nos dará razão sobre o que estamos escrevendo. Quando esses profissionais param no sinal e estão sem passageiro, eles têm a sensação que o semáforo fica verde mais rapidamente do que, quando estão conduzindo alguém. Bem que eles gostariam,quando estão sem passageiro, de ficar mais tempo parados diante do sinal vermelho, a fim de economizar combustível e ser visto por algum passageiro em potencial. Uma boa dica para se “enganar o tempo” quando se tem pressa, é levar consigo uma boa leitura para se ler no elevador e quando paramos nos semáforos. Pode estar certo que o elevador e os sinais de trânsito “ficarão mais rápidos” que de costume.

Que proveito poderemos tirar para a nossa reflexão, dos fatos que aqui reunimos e analisamos  sobre esses estados de percepção distorcida do tempo? E, se não for uma distorção; mas, sim, uma realidade que ainda não entendemos, por se tratar de outra dimensão do espaço temporal além da nossa concepção daquilo que chamamos de tempo!  Estes exemplos nos servem para meditar sobre a forma de vida que cada um de nós pratica e a sensação da nossa própria duração terrena. Analisemos a fugaz duração da vida das pessoas socialmente famosas, badaladas e festivas! Veja as pessoas famosas que se destacam por sua beleza exterior, por sua riqueza material ou por seu poder (que são os requisitos considerados e desejados por bilhões). Tais pessoas parecem envelhecer mais cedo que o comum dos mortais, que não são considerados “bonitos”; não têm riqueza material e nem poder, que são os requisitos repelidos por bilhões e são os pré-requisitos do sofrimento e do desprazer.

A vida das pessoas simples e humildes parece-nos mais alongadas que as das pessoas sofisticadas, ricas e festivas, cujas existências passam muito depressa.  Este exemplo é muito destacado entre as pessoas simples  da população rural. Para estes, o tempo parece passar preguiçosamente e os dias são “esticados”. Como os pobres sofrem mais que os ricos e, como vimos acima, a impressão que se tem é que o tempo é mais “lerdo” no padecimento que na opulência; temos a nítida noção que a vida se esvai mais rapidamente nos prazeres do que no sofrer. Note-se a sensação que nos parece a meteórica passagem dos ídolos do cinema, dos atores famosos, das atrizes, das beldades físicas, dos políticos e poderosos do nosso e dos outros tempos! Porque percebemos que a vida se escoa rapidamente quando a vivemos no luxo e, lentamente, quando a vivenciamos sem a fortuna material? Os estados emocionais que chamamos tristeza, sofrimento e desprazer; são também opostos aos que denominamos de alegria, prazer, euforia, etc. Na depressão o tempo “fica retardado” e, na euforia, ele se “acelera”.

Imaginemos como deve sentir a passagem veloz do tempo, aquele que está condenado à morte, aguardando o momento da sua execução! Ao contrário, o condenado à prisão perpétua, “vê” os, dias se arrastarem, anos após anos, num infindável contar de horas. Parece-nos que até o momento (lembre-se o leitor que estamos no verão de 1990) não se pesquisou os fatores psicobiológicos inerentes a tais fenômenos. Cremos que o estudo científico desse assunto, traria benefícios significativos à vida dos humanos, haja vista que o “espichamento” da vida é um sonho acalentado por todos, principalmente pelos que têm muito a perder com a finitude da vida terrena. Acreditamos, também, que a sua compreensão científica não é tarefa muito fácil, levando-se em consideração as implicações neuronais, bioquímicas, teológicas, psicológicas e filosóficas que estão envolvidas nesses fenômenos. Basta lembrarmos que estamos falando de fatores emocionais mediados por estruturas cerebrais já bem definidas, como o sistema límbico, córtex cerebral, hipotálamo e outros componentes que produzem a Mente; com a interveniência de neurotransmissores, hormônios, enzimas, etc., a níveis encefálicos.

Uma boa pista indicativa da ação bioquímica nesses estados anômalos da percepção; são as sensações narradas pelos usuários de drogas alucinógenas; esses indivíduos contam que, quando a “viagem” é agradável; a duração da experiência gratificante é rapidíssima. Ao contrário, quando passam por dissabores, com visões fantasmagóricas e terrificas;  a  “viagem” dura uma “eternidade”, prolongando, desta forma, o seu sofrimento. Será somente coincidência que as drogas psicotrópicas ocupam os mesmos locais dentro do cérebro onde também atuam os transmissores do prazer e da dor? E o relógio biológico cerebral que coordena os estados de vigília e do sono? É acalentador sabermos que os avanços recentes das neurociências, talvez possam nos responder, ainda nesta década, a tão intrigantes mistérios da mente.

 

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CARLEIAL. Bernardino Mendonça

 

Psicólogo-Clínico pela Universidade Católica de Minas Gerais;

Estudante de Direito da Universidade Estácio de Sá,em Belo Horizonte;

Escritor e Pesquisador nas áreas da Psicobiologia e do Direito.

 

 

  

                                                                                                             
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