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Teoria do Ponto de Contato


Autoria:

Icaro Stuelp


Graduado em Direito pela Univali (Itajaí-2010); Cursando Pós Graduação em Direito do Trabalho (LFG); Curso de Ciência Política (USP); Ética (USP); e atuando na área jurídica, com aprovação no Exame de Ordem em 2011.

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Resumo:

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Texto enviado ao JurisWay em 05/03/2015.

Última edição/atualização em 20/03/2015.



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TEORIA DO PONTO DE CONTATO

(Misdirection estatal)


Antes de mais nada leia isso aqui!

Achei mais chamativo escrever isso do que introdução. Pois bem. Que fique claro aqui que talvez eu não esteja trazendo nada de novo ao jogo, talvez já tenham pensado nisso. Ma talvez haja algum ineditismo no que vos escrevo.

O fato é que escrevo o que aqui escrevo por ter essas teorias em minha cabeça e por sentir necessidade de compartilhá-las.

Se algo do que escrevi lhes for útil, ótimo. Se não for, ótimo também. Apenas aproveite o texto e medite à respeito do que escrevo e tente visualizar fisicamente a situação descrita, isso facilitará sua compreensão.

 

Caso queiram manter contato para conversas produtivas podem procurar por Icaro Kruger Stuelp no Facebook, estou aberto a conversas para todos. Abraços e boa leitura (eu espero).

 

Misdirection!

 

Diretamente esse não é o ponto central do tema (ou é), mas se não se compreender o sentido de misdirection e de onde vem esse termo.

Pois bem. Misdirection é um termo oriundo da mágica. No mundo do ilusionismo a técnica de misdirection é a forma de o mágico "enganar" ou "desorientar" o público.

A fundamentação do misdirection consiste na necessidade da mente humana se concentrar com foco total em uma coisa por vez.

Dessa forma um mágico faz com que o público preste atenção em uma localidade quando na verdade o truque está acontecendo em outra localidade fora do foco do público em geral.

Entre os ilusionistas existe um dito para explicar o misdirection: "O movimento maior esconde o movimento menor."

Entende-se que o misdirection, também compreendido na prestidigitação, não é um truque em si, mas sim um meio para que o truque aconteça sem que o espectador perceba. É o floreio que é feito para que a mágica aconteça por baixo dos panos.

Até então estamos falando de ilusionismo e truques, mas vamos falar de algo mais?

Apesar desse ser um conceito aplicado ao ilusionismo podemos perceber que há aplicação do mesmo conceito para outras áreas, como por exemplo nas nossas relações cotidianas.

Muitas vezes as pessoas falam algo que não é o que realmente queriam falar, ou falam algo para tirar a atenção de outra coisa que realmente tem algum significado.

Como na idéia de alguns filósofos, as palavras podem servir como máscaras. Esse é um misdirection cotidiano. Assim fazemos com nossa situação financeira, com nossos sentimentos, com nossas vontades, com nossas liberdades.

Há, porém, um misdirection que, como todo bom truque, muitas vezes nos passa despercebido aos olhos. Ai surge a teoria do ponto de contato sobre a qual tentarei discorrer nas próximas páginas.

 

Ponto de contato.

 

Através da teoria do ponto de contato é possível explicar um fenômeno que presenciamos cada vez mais em nossa sociedade, porém não é um fenômeno novo. Apenas o presenciamos cada vez mais pois temos cada vez mais condições de perceber o que já ocorre desde que a vida em sociedade existe.

Como mencionado acima o misdirection acontece em vários momentos da vida do ser humano e o usamos, muitas vezes, sem perceber a sua existência.

Deste ponto em diante, porém, vamos tentar focar a teoria do ponto de contato nos meios políticos e principalmente fazendo uma análise atual do sistema político no que diz respeito aos contatos.

Pois bem, no que então consistiria o conceito de "ponto de contato". O ponto de contato é a intersecção tangencial entre o povo e o Estado.

Para essa explicação vamos tentar visualizar uma situação em nossas cabeças. Pensemos no Estado como uma bola de matéria orgânica. Desta bola saem vários tentáculos que acabam por formar uma circunferência maior, porém vazada, ao redor do Estado. Agora imaginem a população como sendo vários grãos de areia que circundam a esfera exterior formada pelos tentáculos do Estado.

Ali esses grãos de areia, de vez em quando, acabam por entrar em contato com o Estado, mas não com seu núcleo e sim com seus tentáculos que formam um círculo exterior. Ali se dá o ponto de contato.

Esse é o ponto de contato entre o Estado e a População e é desse ponto que o povo terá uma visão do Estado.

Quando precisamos de um serviço estatal não conversamos diretamente com os governantes. Quando precisamos de um desses serviços conversamos com um de seus tentáculos.

Geralmente são três os pontos de contato com quem temos direta e costumeira relação. Saúde, educação e segurança.

São esses três pontos, também, a base de qualquer Estado que almeje funcionar. Com uma educação de qualidade, com uma saúde de qualidade e com uma segurança de qualidade em alguns anos o restante das nuances do Estado funcionará da mais perfeita maneira, pois investindo nos três pontos de contato cria-se, em algumas gerações, uma população educada, culta, politizada e com qualidade intelectual para fazer as mudanças necessárias da melhor maneira possível.

Ocorre que o ponto de contato é a primeira e muitas vezes a única forma de contato que o povo tem com o governo. Muitas vezes o contato não precisa nem ser direto, mas apenas midiático, o que será explicado no próximo tópico.

Entendendo o ponto de contato é necessário fazer a relação dele com a idéia do misdirection, apresentada no início deste texto.

 

O misdirection no ponto de contato.

 

Como o ponto de contato é o local de acesso do povo ao governo, a forma primária, recorrente e freqüente de contato, é para este ponto que as atenções estarão voltadas.

Muito fácil então ao povo, que tem contato com os pontos de contato, mas principalmente com os três pontos principais (educação, saúde e segurança), quando fizerem uma tentativa de análise à respeito do certo e do errado baterem, por conseguinte, nesses pontos e não no núcleo.

Através dessa proteção do contato direto que o governo realiza seus truques. Para a população o movimento maior acontece nos pontos de contato e consequentemente encobre o movimento que acontece no núcleo. Eis o misdirection aplicado pelo Estado diante de nossos olhos.

Reclamamos de atuações da polícia e da necessidade de combate ao tráfico de drogas. Reclamamos da brutalidade policial e da falta de investigações, soluções e prevenções de crimes. Reclamamos das escolas, da falta de professores, dos professores mal treinados ou da falta de autonomia para administrar o ambiente escolar. Reclamamos das filas nos hospitais, de pessoas morrendo nessas filas, de falta de médicos, de equipamentos para fazer exame, falta de medicamentos.

E os problemas nessas três áreas não param de surgir.

Enquanto nos entretemos com isso a mágica acontece distante dos nossos olhos. Somos entorpecidos por uma aparente revolta e achamos que isso é o que basta, quando na verdade estamos voltando nossas forças para o ponto errado. Ao atacar os pontos de contato primários estamos caindo no senso comum e estamos aceitando o ilusionismo. Estamos caindo na mágica e quando o dinheiro some nós não sabemos como aconteceu.

Isso é a aplicação mais descarada e em larga escala da técnica de ilusionismo do misdirection que podemos presenciar.

Existem pontos de contato diferentes dos três pontos de contato citados? Sim, claro que existem. Mas esses três pontos são os pontos comuns a praticamente toda a população e são os pontos de massa.

Hoje vemos muitos exemplos da polícia recebendo ordens para agir de determinada maneira e suas ações acabam gerando repercussão midiática, talvez proposital, e a população acaba por condenar ou parabenizar a polícia, e a própria população acaba entrando em conflito discutindo sobre quem estaria certo ou errado.

O misdirection foi ali formado. Tanto a polícia, quanto a mídia, quanto quem defende as ações da polícia, quanto quem defende as ações da mídia, todas essas pessoas estão tendo sua atenção chamada para uma situação. O foco mental humano está ali.

A mesma situação se repete em relação a praticamente tudo.

Com uma mão o Estado nos mostra uma situação conflitante e com a outra mão estão articulando a máquina do poder.

Não se iluda. Mesmo os casos de corrupção, mesmo os aumentos que os próprios governantes se dão, tudo, somente vemos o que nos permitem ver. Somente temos acesso ao que podemos ver nos nossos pontos de contato.

Talvez a única forma de dissecar o Estado para estabelecer um novo modelo de gestão da sociedade seja realizar uma "engenharia reversa" no país e começar do zero.

 

Em suma.

Voltando ao exemplo dos grãos de areia, temos na nossa grande quantidade de grãos de areia alguns poucos grãos que vão passar da camada externa dos tentáculos do Estado e vão começar a ter pontos de contato em camadas cada vez mais internas.

Alguns vão começar a ter contato com órgãos de gestão, com os poderes, com a mídia. Mas ai não basta tangenciar a intersecção e voltar os olhos para os círculos exteriores procurando a causa dos problemas. Nossos olhos devem estar voltados para os círculos cada vez mais interiores até chegarmos na bola orgânica central, no núcleo do Estado.

Alguns pouquíssimos grãos de areia conseguem chegar próximo do núcleo estatal. Mas esses ou são absorvidos e passam a fazer parte da massa orgânica ou há uma reação e eles são expelidos para outro plano de existência.

Ainda são muitos poucos os grãos de areia que chegam ao cerne. Quando os demais grãos de areia perceberem sua mobilidade quem sabe a massa orgânica não consiga mais absorvê-los nem expeli-los. Aí então poderíamos ter uma chance de realmente mudar alguma coisa de verdade. De outra ordem apenas realizaremos mudanças nos círculos exteriores e não seremos capazes, jamais, de mudar a estrutura de poder.

Não podemos esquecer, porém, que o Estado é um ser orgânico e maleável, capaz de se adaptar às mudanças com certa velocidade e perfeição. Pode ser que estejamos fadados a viver sob o eterno comando dessa bola orgânica, nós grãos de areia habitando sempre em seus círculos exteriores, achando que estamos fazendo a diferença, quando na verdade estamos fazendo apenas o que nos dão permissão para fazer.

Sim, infelizmente acredito que possamos estar sendo estruturalmente forçados a olhar para um lado enquanto as coisas acontecem do lado oposto. Nossa percepção não consegue passar pelo muro orgânico criado pelo Estado que nos faz confrontar o próprio Estado, mas sem afetá-lo de realidade, e sim aquela pequena parte dele que ele está disposto a usar como bode expiatório e cujas atuações sobre eles não realmente mudem algo de maneira concreta.

Se o Estado se movesse para reparar os pontos de contato, as responsabilidades passariam a escalas mais próximas do centro orgânico e a realidade estatal entraria em crise.

No âmbito da segurança, por exemplo, o primeiro ponto de contato a ser consertado seriam as instituições policiais. Se o povo não fosse colocado contra a polícia e se à polícia fossem dadas condições decentes de trabalho para que desempenhasse suas funções então se permitira ao povo que percebesse que os problemas não estão na polícia, pois os crimes continuariam, e os criminosos continuariam a obter fácil liberdade, e quando presos não seriam reinseridos "saneados" na sociedade.

Ai então um primeiro muro de ponto de contato cairia, e a população chegaria mais perto do cerne estatal, em um próximo ponto de contato. E quando o próximo ponto de contato fosse fixado, quando as leis fossem funcionais e os estudos de criminologia e institutos prisionais fossem eficientes ao ponto de realmente buscar uma nova socialização  do apenado então os problemas aparentemente diminuiriam, mas os criminosos continuariam a surgir em decorrência da natureza humana e do meio social em que estariam envolvidos.

Mais um ponto de contato se quebraria e a grande massa seria capaz de enxergar mais perto do cerne estatal, para resolver o surgimento da criminalidade teriam que ser buscadas políticas públicas para a integração da sociedade, a redução da desigualdade salarial entre aqueles que menos receberem em um país e os que mais receberem seja mínima e que os serviços públicos sejam suficientes para que se tenha uma vida de qualidade, sem precisar de serviços essenciais prestados por entidades privadas.

Para chegarmos nesse ponto, porém, seria necessário quebrar mais barreiras até o cerne estatal para que houvesse dinheiro para a realização de tantas coisas. Dinheiro há. Mas não é aplicado. E quando é aplicado não é feito da forma correta e simplesmente injetado, o que de nada serve sem administração.

Talvez seja difícil entender o que proponho, mas se eu soubesse desenhar assim o faria com a explicação.

Em alguns países a proximidade da população com o cerne estatal é tão grande que o ponto de contato é praticamente direto e em decorrência disso a qualidade de vida, de prestação de serviços, de segurança, de saúde, de educação, enfim, de tudo, é o que chamamos de qualidade de primeiro mundo.

Isso, porém, não basta, pois mesmo no país mais perfeito atrocidades continuariam a acontecer. Seria falta de dinheiro? Ressurgimento da corrupção? Falta de qualidade na administração?

Esse, talvez, seja um problema que possamos enfrentar e que seja decorrente da falta de amor ou de moral, entendidos assim o amor como a atuação de uma pessoa que faz tudo da maneira mais bela e possível e moral como sendo nossa tentativa humana de imitar a ação perfeita daquele que ama.

Não, não tenho a solução para o problema. Obviamente que não tenho e talvez ninguém tenha. Não podemos ter pronta uma solução para um problema que nem ao menos sabemos as dimensões nem a proporção em nossas vidas.

Sugiro, porém, que pensemos e tentemos achar uma saída.

Talvez seja muito fácil para nós tentarmos nos pautar por teorias criadas há séculos sem que nós mesmos, contemporaneamente, tenhamos a responsabilidade de atualizar, e quem sabe até criar, formas de governo, teorias e ideologias para mudar o mundo para melhor.

Comecemos a produzir, a pensar e a evoluir. Sei que nunca paramos, mas estamos acomodados achando que o que já temos é o suficiente para mudar. Não é e não mais será. Precisamos de evoluções assim como elas existem no campo da tecnologia, evoluções surpreendentes. Precisamos de velocidade em nossos pensamentos e isso é premente.

 

Boa sorte a todos nós. Precisaremos.

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