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O PÃO E CIRCO MODERNO: A COPA DO MUNDO


Autoria:

Marcos Antonio Duarte Silva


Doutorando em Ciências Criminais,Mestre em Filosofia do Direito e do Estado(PUC/SP), Mestrando em Teologia, Especialista em Direito Penal e Processo Penal(Mackenzie), Especialista em Filosofia Contemporânea; Especialista em Psicanálise, formação em Psicanálise Clínica, Psicanálise Integrativa e Psicaálise Análise e Supervisão Licenciado em Filosofia, formação Psicanálise Integrativa, formado em Direito,Jornalista, Psicanalista Clínico,Professor de Pós Graduação.

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Resumo:

A expressão sugestiva de pão e circo advém do Império Romano por volta do ano 100 DC, quando para se evitar qualquer revolução, o Imperador construía grandes arenas e promovia grandes espetáculos distraindo assim o povo dos reais problemas existentes

Texto enviado ao JurisWay em 12/05/2014.



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O PÃO E CIRCO MODERNO: A COPA DO MUNDO

 

RESUMO: “A política do Pão e circo (panem et circenses, no original em Latim) como ficou conhecida, era o modo com o qual os líderes romanos lidavam com a população em geral, para mantê-la fiel à ordem estabelecida e conquistar o seu apoio. Esta frase tem origem na Sátira X do humorista e poeta romano Juvenal (vivo por volta do ano 100 d.C.) e no seu contexto original, criticava a falta de informação do povo romano, que não tinha qualquer interesse em assuntos políticos, e só se preocupava com o alimento e o divertimento”. http://www.infoescola.com/historia/politica-do-pao-e-circo/

 

PALAVRAS CHAVES: Política; Estado; Controle; Copa; População.

 

ABSTRACT: "The politics of bread and circuses (panem et circus in the original Latin) as it became known, was the way in which the Roman leaders dealt with the general population, to keep it true to the established order and conquer your support. This phrase originates in Satire X of the Roman poet Juvenal and humorist (live around the year 100 AD) and in its original context, criticized the lack of information of the Roman people, who had no interest in political affairs, and only cared with food and fun. "

KEYWORDS: Politics; State; control; Cup; Population.

 

SUMÁRIO: Introdução; 1. O pão e Circo Moderno; 2. O descaso histórico com o povo; 3. Por que esta fórmula ainda funciona?; Conclusão.

 

Introdução:

A expressão sugestiva de pão e circo advém do Império Romano por volta do ano 100 DC, quando para se evitar qualquer revolução, o Imperador construía grandes arenas e promovia grandes espetáculos distraindo assim o povo dos reais problemas existentes, como doença, fome, falta de atividade remunerada (empregos), entre muitas outras. Com este paliativo, tiravam a atenção dos problemas reais e grandiosos e aproveitavam para nestes eventos distribuírem o “pão” como gesto de bondade.

Nos dias atuais, se percebe que o problema é ainda evidente, mas se pergunta: A história não ensinou nada? Quais os modernos instrumentos paliativos que o Estado tem usado para distrair o povo? Por que esta fórmula funciona?

1. O Pão e o circo moderno

A semelhança com o que ocorria há milhares de anos atrás com o que está ocorrendo nos dias atuais é assustador e perturbador.

Tem-se que assumir que as lições do passado não estão servindo de molde para um presente melhor e que, miseravelmente os erros dos antigos continuam sendo explorados por aqueles que detêm o poder?

Parece, e não é impossível isso, que os que estão utilizando o passado como aprendizados têm sido aqueles que constituem o novo controle central, sem se intimidar que suas táticas existam em livros de histórias e tenham vários filmes mostrando claramente esta questão.

Para aclarar a questão, cumpre observar:

[...] Roma, tornou-se o centro de praticamente todos os acontecimentos sociais, políticos e culturais na época de seu auge. Isso fez naturalmente com que a cidade se expandisse, com gente vindo das mais diferentes regiões em busca de uma vida melhor. Como acontece até hoje em qualquer parte do mundo, pessoas humildes e de poucas condições financeiras iam se acotovelando nas periferias de Roma, em habitações com conforto mínimo, espaço reduzido, de pouco ou nenhum saneamento básico, e que eram exploradas em empregos de muito trabalho braçal e pouco retorno financeiro. Esses ingredientes, em qualquer sociedade são perfeitos para detonarem revoltas sociais de grandes dimensões. Para evitar isso, os imperadores optaram por uma solução paliativa, que envolvia a distribuição de cereais, e a promoção de vários eventos para entreter e distrair o povo dos problemas mais sérios na fundação da sociedade romana. Assim, nos tempos de crise, em especial no tempo do Império, as autoridades acalmavam o povo com  a construção de enormes arenas, nas quais realizavam-se sangrentos espetáculos envolvendo gladiadores, animais ferozes, corridas de bigas, quadrigas, acrobacias, bandas, espetáculos com palhaços, artistas de teatro e corridas de cavalo. Outro costume dos imperadores era a distribuição de cereais mensalmente no Pórtico de Minucius. Basicamente, estes "presentes" ao povo romano garantia que a plebe não morresse de fome e tampouco de aborrecimento. A vantagem de tal prática era que, ao mesmo tempo em que a população ficava contente e apaziguada, a popularidade do imperador entre os mais humildes ficava consolidada.

http://www.infoescola.com/historia/politica-do-pao-e-circo/

O texto trata com tanta riqueza dos aspectos salientados que se faz necessário explorá-lo ainda mais a fim de extrair toda sua grandeza. Guardada as devidas proporções, o cenário de Roma se equivale e muito ao nacional em muitos aspectos.

a) pessoas humildes e de poucas condições financeiras iam se acotovelando nas periferias – A mesma situação ocorre hoje, com condições tão semelhantes que parece muitas vezes que o ano atual ainda é o 100 DC, sem muita variação. Isso assusta o mais atento, pois, mais de dois milênios se passaram sem haver mudanças nestas condições em muitos lugares. Há no mundo todo, poucos países que não desfrutam de um cenário tão mórbido e miserável como este apresentado, o que indica que esta tão chamada “evolução tecnológica” não tem sido suficiente para atender as necessidades humanas mais básicas. A pergunta que salta aos olhos é: por quê?

b) os imperadores optaram por uma solução paliativa – Parece que o caminho mais fácil sempre foi e ainda é o engodo, a mentira, a trapaça. Os Imperadores modernos ainda sabem que oferecer espetáculos desvia a atenção do grande público daquilo que realmente é importante e melhor, arrefece os ânimos a tal ponto que o mesmo povo, passa a ter uma visão positiva do governo acreditando que ele se preocupa a ponto de criar eventos tão importantes.

c) Assim, nos tempos de crise, as autoridades acalmavam o povo com a construção de enormes arenas – Se não fosse trágico seria até hilário, uma vez que até o nome das construções do passado são tomadas emprestadas sem nenhum pudor ou desplante. Será só uma coincidência ou se está de um estelionato histórico, com requintes de crueldades?

d) Outro costume dos imperadores era a distribuição de cereais mensalmente – É impossível não lembrar de que hoje, a modernidade apenas tirou a possibilidade de “jogar os pães” em direção do povo, quando o Imperador entrava nos “jogos”, mais a semelhança é quase inacreditável, pois hoje, mensalmente também se têm esta atividade com a mesma finalidade, manter a calma do povo, e impedir que morram de fome, além disso, nada se pode esperar, pois o objetivo central é só isso mesmo. Só que modernamente, se pode usar um cartão, ou vulgarmente como se chama, uma “bolsa”. Mera semelhança? Coincidência?

Tragicamente se pode notar que os atos e pensamentos passados são tão atuais que há quase uma confusão de se estar ou não em pleno século XXI. As mudanças ocorridas nestes aspectos são tão finitos, tão pequenos, que se alguém daquela época ressuscitasse em alguma periferia, só estranharia o modelo de construção sendo tudo o mais igual à ao primeiro século. Muito embora seja uma ilustração simples, ela revela um fato indiscutível, mudanças aos grupos de pessoas com menos rendas, nunca foi e talvez dificilmente será uma preocupação primeira de qualquer governo.

É estarrecedor se perceber que para levar a efeito suas práticas contrárias ao povo o governo utiliza da prática mais alvissareira a cobrança de impostos:

 

Dito isso, surge a observação sobre a “razão de Estado”, cunhada por Foucault, com a ascendência de que cada Estado constituído tem seus próprios interesses e visa defendê-los de forma absoluta e completa. Nada mais correta, em sua forma soberana11, há um povo, um território, e necessidades advindas desta realidade social. Haver política neste âmbito é natural, uma vez com todos esses elementos citados, cumpre dispor de necessidades muito grandes para poder conservar o Estado em pleno funcionamento. Daí a necessidade de sustentação, buscando a todo tempo e toda maneira, recursos para a manutenção desta máquina chamada Estado. Não se admira ser a cobrança de impostos o mecanismo próprio para sua auto-sustentação. (Duarte: 2014, 27).

O descaso é tão gritante, tão escancarado que chega a ser desconcertante. É certo que parece historicamente lidar com os menos favorecidos oferecendo qualquer coisa básica, sem oferecer grandes possibilidades para o futuro, é de maior valia do que projetar algo grande, com perspectivas melhores. O contentamento parece ser pelo imediato pelo agora.

2. O descaso histórico com o povo

Ao traçar o paralelo entre o que se fazia no ano 100 DC e o que se pode vislumbrar nos dias atuais, ano 2014, parece ter havido pouca ou quase nada de mudanças significativas.

Ao contrário do que se prega ainda se encontra pessoas abaixo da linha da miséria, pessoas vivendo em condições prementes, desumanas, as condições mínimas necessárias para uma vida digna, está ainda longe de ser alcançada.

Como se pode manter até os dias de hoje a mesma maneira de procedimento que se fazia há tanto tempo atrás?

Como forma de entender estes porquês, o texto apresentado pelo prof. Márcio Pugliesi vem como balizador, usando do exemplo do metassistema, que se encaixa de maneira particularmente apropriada ao cerne do tema:

Um outro exemplo de um metassistema é a trilha na floresta. Essa trilha resulta da interação entre o sistema-floresta e os sistemas-organismos-que-passam-pela-floresta. De fato, a passagem, quer de um animal, quer de um homem, por determinado local na floresta, deixa uma trilha assinalada pela vegetação destruída. Se mais animais por lá passarem, o caminho que resultou dessa passagem torna-se mais notável, e será muito provavelmente utilizado por novos animais. Então, a trilha não só resultou da passagem de animais por aquele lugar, mas determinará novas passagens pelo mesmo local. A trilha resultou do comportamento interativo passado, e vai regular o comportamento interativo futuro. (Pugliesi:2009, 67).

Cumpre notar através deste belo exemplo que este metassistema fazendo uma analogia com a maneira que os Imperadores Romanos tratavam o povo, construiu uma “trilha” que está sendo seguida quase dois mil anos após, isto leva a pensar que conduzir um país não se alterou muito, o que fatalmente engendra a ideia central de manutenção no controle social. Causa estranheza concluir que muito pouco se mudou neste aspecto, e mesmo diante do quadro aterrador de projetar a democracia onde o povo pode (ou deveria) ter a liberdade de escolha, a impressão resultante desta análise é que há uma forma antiga e surrada de se manter no poder quem pouco ou quase nada se preocupa com o povo em geral.

Nesta esteira ainda se pode analisar de forma mensurada o que de fato se tem reproduzido tal sistema de coisas, ampliando a discussão para um melhor entendimento:

O núcleo de uma organização formal pode estar não na administração, mas na teia de relações informais entre determinados atores, que podem explicar um persistente desempenho anômalo (desejado ou indesejado) dessa organização. [...] Se, pelo contrário, uma organização ou outro sistema funcionar adequadamente, qualquer mudança que se queira efetuar pode ser destrutiva se atingir o núcleo. Pela simulação, segundo a teoria dos sistemas, pode-se compreender o efetivo funcionamento das condutas e, presumivelmente, normatizar ou providenciar meios que corrijam o rumo di sistema, com o mínimo de dispêndio de energia para tanto.

(Pugliesi: 2009, 63).

O governo federal, para efeito de entendimento e compreensão funciona como “uma organização formal”, possuindo inclusive um “núcleo” central de atuação, onde há um controle basilar para antever determinados desempenhos, para tanto há necessidade premente de uma “teia de relações informais entre determinados atores”, para a manutenção do poder o razoável controle do povo não pode ser negligenciado. Entenda-se que com isso não há nenhuma intenção em atingir objetivos mais profundos, mudanças significativas ou uma alteração de paradigmas, o núcleo a ser atingido é de se manter no poder, e para tanto esta “organização formal” tem que ser atendida em sua esfera currial, nada fugindo de seu total e circunspecto controle.

Para efeito de amplitude cumpre o deslinde de visualizar o que se deveria esperar do governo ante as necessidades currial da nação. Construção de “arenas” tem de fato qual intenção, se o que de fato o povo precisa não é de espetáculos, de shows, de circo e pão.

Como prática governamental há de se entender a forma como o poder soberano transita dentro da esfera de comando. É importante não perder de vista o manto sagrado atribuído ao soberano impingindo assim, características de deus a seu comando, pessoa e função, habilitando-o a desenvolver sem muita preocupação a extensão de seu domínio. Não é difícil perceber a ausência de compromisso em não errar, uma vez estar perto da infalibilidade dos deuses o que permite fatalmente criar as mais diversas possibilidades de governar, sem o receio de que mesmo errando alguma consequência recaia sobre seu governo. Foucault afirma, contextualizando esta questão que “quem governa tem um objetivo ilimitado”. (FOUCAULT. O nascimento da clínica. 2008. p. 10). Sendo o povo ultimado a aceitar essas premissas expostas, não há o que se discutir sobre legitimidade e ilegitimidade, pois não é essa a base do sucesso ou do fracasso a ser perquirido. Então, dentro da ótica de Foucault, o que poderia fazer com que um governo desprezasse os seus objetivos atropelando sua razão de existir?

(Duarte: 2014, 37,38)

Extraindo do texto a premissa que Foucault lança de que “quem governa tem um objetivo ilimitado, se pode deslustrar qual o papel que realmente o governo tem pretensões de atingir, e ainda, a ideia de soberania em seus atos, tornando-o uma espécie de deus, onde suas decisões são onipotentes, sem a mínima necessidade de entender o que o povo espera e almeja. Com isto almeja apenas “a extensão de seu domínio”, sem uma real, ou mesmo aparente preocupação com as necessidade primais da nação.

Mas Foucault ainda vai além a suas considerações na espécie de governo gerado por esta compreensão:

“A violência, excesso, abuso, sim, talvez; mas no fundo desses excessos, violências e abusos não é simplesmente, não é fundamentalmente a maldade do príncipe que vai estar em questão. O que está em questão, o que explica isso tudo é que o governo, no momento em que viola essas leis da natureza, pois bem, ele simplesmente as desconhece. Ele as desconhece porque ignora sua existência, ignora seus mecanismos, ignora seus efeitos. Em outras palavras, os governos podem se enganar. E o maior mal de um governo, o que faz que ele seja ruim, é ele ser ignorante”. (Foucault: 2008. p. 23)

Neste texto se depara com uma realidade impoluta “E o maior mal de um governo, o que faz que ele seja ruim, é ele ser ignorante”. Esta ignorância anunciada é demonstrada em o governo, como bem traduz Foucault, desconhecer a existência das “leis da natureza”, burlar, ultrapassar os limites, simplesmente por desconhecer “sua existência” e, por conseguinte, “seus mecanismos” e “ignorar seus efeitos”. Este destemor governamental se baseia na certeza de impunidade, de perdão, como se diz nas urnas e a quase certeza de na eleição, o povo simplesmente esquecer e votar novamente neste sistema de coisas.

3. Por que esta fórmula ainda funciona?

Ao deslindar sobre tema tão atual e árido a pergunta que salta é: por que esta fórmula ainda funciona?

Ao se considerar a ascensão da comunicação rápida, ágil, sem fronteiras e ainda, a oportunidade de saber a quanta anda as coisas, o que de fato atravanca a possibilidade de uma mudança mais radical?

Pode se apontar mais de um motivo:

a) o discurso produzido

O discurso que seduz e convence produz uma espécie de deleite: ele diz aquilo que se espera ouvir, porém de modo agradável. [...] Quando considerado do ponto de vista subjetivo, é útil tudo o que é do interesse de quem pensa os critérios da utilidade e a maneira de praticá-los. Quando considerado do ponto de vista objetivo, o útil apresenta-se sob a forma de resultados. Assim, para o bom funcionamento da sociedade como lugar dos muitos discursos é mister que os critérios e as práticas subjetivas configuradores do poder construam os seus "cantos de sereia", isto é, que representem a prática da vida segundo um modelo aparente, otimizador das relações de produção que, não obstante, esconde a ambigüidade de ser "belo e agradável", quer dizer, apaixonante, mas também restritivo e condicionante.

SILVA, Marcos Antonio Duarte. O moderno canto das sereias: o discurso político; ensaio sobre o discurso produzido pelos marqueteiros políticos. Boletim Jurídico, Uberaba/MG, a. 5, no 1159. Disponível em: http://www.boletimjuridico.com.br/ doutrina/texto.asp?id=3450

É simplesmente admirável os pronunciamentos dos governantes, que demonstram uma habilidade em lidar com os problemas como se profetas fossem, parece que nestes discursos eles conhecem a alma humana, apenas neste momento. Impressiona e como o discurso é inteiramente bem construído, se torna mais do que contundente e aceito, mudando até a posição desfavorável que se podia estar vislumbrando.

b) o aparelhamento do Estado

[...] abusar de colocar nos principais cargos políticos, pessoas que fazem parte do partido e da ideologia. O único critério para estas nomeações são estas características apontadas, nenhum mérito, nenhuma qualidade. Apenas e tão somente apoiar irrestritamente tudo que se faz ou se possa fazer, o Partido sem contraria-lo de forma nenhuma.

SILVA, Marcos Antonio Duarte. A operação Valquíria e suas lições em nossos dias: ensaio político sobre o perigo da onipotência do partido político. Boletim Jurídico, Uberaba/MG, a. 5, no 1146. Disponível em: http://www.boletimjuridico.com.br/ doutrina/texto.asp?id=3241

Para que se alcance sucesso na empreitada de manipular a opinião pública se faz necessário o aparelhamento do Estado, colocando nas principais funções, pessoas que façam parte do projeto, do partido e da ideologia defendida.

Este elemento agregador é um divisor de águas, pois, o sucesso de toda a operação depende deste fator, para contenção de informações, controle de acesso, e manipulação de pessoal. Ter pessoas que comunguem do mesmo “ideal” é sumamente relevante, uma vez ter nestas a condição de só reproduzir aquilo que o governo almeja.

c) a manipulação das massas através da imprensa

Manipulação das massas: com uma facilidade impressionante, consegue manobrar e conduzir a grande massa para onde bem desejar. Esta característica tem se perpetuando na história de forma assustadora e perceptível. Verdade e mentira, não existem apenas a aceitação tácita e total de tudo que se apregoa.

Propaganda distorcida: os fatos apresentados, via de regra são aqueles que o Partido quer apresentar, nada passa para o povo sem sua expressa concordância, com isso é normal perceber que os meios de comunicação está também sob seu controle, e com isso, as notícias são maquiadas ao bel prazer do grande líder.

SILVA, Marcos Antonio Duarte. A operação Valquíria e suas lições em nossos dias: ensaio político sobre o perigo da onipotência do partido político. Boletim Jurídico, Uberaba/MG, a. 5, no 1146. Disponível em: http://www.boletimjuridico.com.br/ doutrina/texto.asp?id=3241

O sucesso alcançado através deste mecanismo imprensa é indispensável para o objetivo de manipulação completa e total dos interesses, uma vez ser visível esta alteração de humor quando se fala de aumento, da chamada bolsa família, como a reação imediata é tão rápida que dá fôlego ao governante continuar sua manobra em busca da consolidação de sua estada no poder. Não há desplante quanto ao uso e abuso nesta prática recorrente a todo o momento que o governo se sente ameaçado.

Diante destes ingredientes contundes fica evidente que o povo se torna uma presa fácil, ainda mais considerando que a base histórica de governo que produz “pão e circo”, sempre é a população menos favorecida, que ainda tem contra seu favor, baixa escolaridade, cultura de pouco investimento, falta principalmente de condições de massa crítica, e enfim, facilidade em ser ludibriado.

Com esta base comprometida e parece evidente que é este o pensamento do governo manter esta camada social abaixo do senso crítico possível fica muito tranquilo a manipulação, como se pode ver através de aumento irrisório nos chamados programas sociais.

Em pleno ano de copa do mundo (pão e circo) vê-se a preocupação em manter o foco nesta festa que nos dias atuais será apenas assistido a distância, sem a participação da massa por estarem os ingressos a preços dolarizados e, então impossível, mas como há uma doutrinação nacional que a seleção brasileira representa a pátria amada, e que ela tem na ponta da chuteira, se hipnotiza estes mesmos que dificilmente entrarão se quer um dia de suas vidas nestas “arenas” construídas a valores astronômicos para que torcendo pelo time, o Brasil ganhando o campeonato,  neste momento como num passe de mágica deixará de ter seus problemas, acabará suas dificuldades internas, e se evoluirá para o primeiro mundo. Doce ilusão.

Quem ganha nos dias atuais com estes “circos”, nem de longe chega a ser a população, que nos tempos de Roma, ainda tinha mesmo que temporariamente sua fome diminuída, hoje nem isso se pode esperar, o que se vê de forma escancarada é os grandes investidores lucrarem como nunca antes, e o povo, alijado de ter mais hospitais, escolas, estradas, casas, segurança. Após este “circo”, haverá o espetáculo dantesco da eleição, o grande motivo para esta trapalhada de copa do mundo, que se for ganha pela seleção canarinha, trará paz e segurança para o governo aí instalado dando até condições de sonhar na manutenção de seu plano central: se manter no poder.

A desigualdade de forças é tão avassaladora que o mais otimista percebe que o caminho para a permanência deste poder centralizador é quase que indiscutível. Mais há uma fraca luz no final do túnel, como aquela reproduzida no filme “O Gladiador”, quando aquele que estava considerado como morto aparece em plena Roma, no Coliseu, vivo e com vontade de mudar o rumo da história.

O Imperador ao descobrir que o personagem central está vivo e conta com o carinho, com a torcida do público vê que terá que fazer muito mais para se manter no poder. O povo embora induzido a continuar aceitando aquele poder despótico, afinal recebia naquele excesso de jogos (todos os dias, por quase 180 dias), via um herói que poderia reproduzir seus mais caros sonhos, de ver um aparente pessoa fora da realeza ter um feito único, vencer o Império.

Na frase colossal, e como um repto “era uma vez um sonho chamado Roma”. Para que o sonho chamado Brasil não acabe ante um sistema despótico, cumpre entender:

A razão do Estado passa a ser a razão do povo; crescimento do Estado é o crescimento dos habitantes; a existência do Estado é a segurança de todas as pessoas; o governo do Estado passa a ser o governo de cada cidadão; e, com esta imagem impingida, o Estado pode programar as medidas que entender necessárias para tornar o governo com esse consciente coletivo, transmitindo a ideia de um governo democrático. Há uma prisão invisível, mais premente, onde os chamados cidadãos tornam-se uma espécie de livres-escravos sem, contudo, gozar plenamente da liberdade conceituadamente democrática. (Duarte, 2014, p.25,26).

Perceber a manipulação e não permitir mais este ato grotesco passa a ser o grande diferenciador para qualquer mudança que se queira perpetrar.

Conclusão:

Fica evidente que a busca de eventos como Copa do Mundo, Olimpíadas tem assumido aqui no Brasil outra dimensão que a proposta quando se pretendeu implementá-los aqui. A proposta que se iria trazer mais avenidas, melhorar transporte público, reformular aeroportos, trazer mais empregos, está muito aquém do prometido.

O que se está presenciando é nenhum aumento nas avenidas das cidades sedes, investimento zero em transporte público, aeroportos com os mesmos e até maiores problemas e empregos, estes parece que nada se foi feito, pois, até este elemento que poderia ser mais bem aproveitado também está muito longe.

Presenciamos de fato “pão e circo”, as empreiteiras faturando como nunca antes e muitas pessoas, evolvidas diretamente com o evento, se enriquecendo ainda mais.

De fato, vislumbrar qualquer benefício para o povo mais simples está quase que impossível.

O pior é perceber que é ainda possível esta fórmula de novo funcionar e a manipulação desejada ser alcançada.

O que se fazer? Como mudar este espectro?

É certo que aceitar pacificamente esta condição, este estado de coisas, não é o melhor caminho, é necessário alertar, apregoar o que se está vendo a olhos nus. Denunciar, não aceitar a intimidação, e forçar as pessoas mesmo que comuns a pensarem através de observações pertinentes. O caminho não é fácil, mais o pior dos cenários é não se incomodar e permitir, sem nenhuma tentativa, a entronização de um poder “ad eterno”.

Acreditar é preciso!

 

Referências:

DUARTE, M. (2014). Breve ensaio sobre o Nascimento da Biopolítica de Foucault. (1 ª ed.) São Paulo: Max Limonad.

FOUCAULT, M. (2008). Nascimento da biopolítica (1ª ed.). São Paulo: Martins Fontes.

PUGLIESI, M. (2009). Teoria do Direito (2ª ed.). São Paulo: Saraiva.

SILVA, Marcos Antonio Duarte. A operação Valquíria e suas lições em nossos dias: ensaio político sobre o perigo da onipotência do partido político. Boletim Jurídico, Uberaba/MG, a. 5, no 1146. Disponível em: http://www.boletimjuridico.com.br/ doutrina/texto.asp?id=3241

SILVA, Marcos Antonio Duarte. O moderno canto das sereias: o discurso político; ensaio sobre o discurso produzido pelos marqueteiros políticos. Boletim Jurídico, Uberaba/MG, a. 5, no 1159. Disponível em: http://www.boletimjuridico.com.br/ doutrina/texto.asp?id=3450

http://www.infoescola.com/historia/politica-do-pao-e-circo/

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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