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Afasta de nós este cale-se!


Autoria:

Danilo Santana


Advogado, OAB 32.184 MG, graduado em Direito pela PUC-MG, membro efetivo do Instituto dos Advogados. Especialização em Marketing Internacional e Pós-Graduação em Direito Público. Professor de Direito Empresarial e autor literário.

Resumo:

Texto de Abertura do Programa Rádio Vivo da Rádio Itatiaia, apresentado pelo radialista José Lino de Souza Barros no dia da Bandeira, de autoria da jornalista Selma Sueli Silva, que é cidadania e muito mais.

Texto enviado ao JurisWay em 02/07/2013.



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Afasta de nós este cale-se!' Texto de Selma Sueli Silva

 

As fumaças do gás lacrimogêneo e do spray de pimenta estão baixando e já é possível enxergar melhor. Com uma pauta de reivindicações que vai desde a volta da tomada de dois pinos até o fim da impunidade e corrupção, as manifestações seguem, há quase um mês, por todo o país, causando espanto aos especialistas que tentam explicar o fenômeno: como tudo começou sem a gente saber, sem a gente prever? Como tanta gente foi mobilizada sem uma liderança clara e definida?

Desde que o mundo é mundo sabemos que mudanças vem da ousadia do jovem mas que foco e equilíbrio vem da experiência da idade madura que conquistamos após muita, muita vivência. Portanto, é inútil querer descobrir um ponto certo onde tudo começou. Na verdade, tudo pode ser apenas uma sequencia.

Quem acompanha as redes sociais sabe que a insatisfação vem crescendo: é escândalo do mensalão, denúncias diárias de corrupção, casos apurados e comprovados seguidos da mais vergonhosa impunidade, casas legislativas infiltradas por bandidos, Renan Calheiros no comando do Senado, e por aí vai, tornando difícil achar trigo em meio a tanto joio. Mas, como disse o poeta, há o dia em que “de tão usada, a faca já não corta”. Os donos do poder esqueceram-se disso. Eles estavam tão acostumados com a nossa aparente apatia que acharam que tudo que sempre acabou em pizza, agora ia terminar em Copa. Mas o caldo entornou e o povo foi às ruas dizer NÃO a uma longa, larga e funda lista de palavras de ordem:

Brasil vamos acordar, professor vale mais que o Neymar;
Isso é mais que um protesto contra o aumento das tarifas, isso é o grito de quem não aguenta mais tanta corrupção;
Por favor não nos machuque, nós não temos hospitais;
Desculpem o transtorno, estamos mudando o país;
Já que a bomba é de efeito moral, joga no Congresso Nacional;
Fome, miséria e opressão, nisso o Brasil é pentacampeão,
Quando seu filho ficar doente, leve-o a um estádio;
O povo acordou, o povo decidiu. Ou para a roubalheira, ou paramos o Brasil;
Queremos hospital e escola no padrão FIFA;
Vandalismo é destruir escola e museu para construir estacionamento;
Não é por 20 centavos é por 40, pois a viagem é de ida e volta;
Jogaram mentos na geração coca cola;
Nossos sonhos são a prova de balas;
Spray de pimenta em baiano é tempero;
Enfia os 0,20 centavos no SUS;
Prender por manifestação é mole, quero ver prender por corrupção.
Se vão importar médicos de cuba para melhorar a saúde, então que importem políticos suecos para acabar com a corrupção;
O povo unido protesta sem partido;
Direita? Esquerda? Eu quero é ir pra frente.
É, "Tem tanta coisa errada que não cabe em um cartaz."

No início, governo até ensaiou um pulso firme e disse não à redução das tarifas. Depois percebeu que a coisa era mais séria do que parecia. Imaginou esvaziar as ruas eliminando os 20 centavos de aumento. Tarde demais. O povo queria muito mais.
O gostinho da cidadania já havia se alastrado, apesar de bandidos terem se aproveitado da aglomeração de pessoas para fazer o que bandido faz de melhor: agir na covardia. E dá-lhe depredação, fogo e pânico nas ruas. Mais a verdadeira manifestação acontecia com gente de bem e continuou.

E de repente, não mais que de repente, a máquina política, emperrada pelo ferrugem da corrupção, do individualismo, do oportunismo, se mostra ágil, produtiva, azeitada. Em dois dias, os nobres parlamentares aprovaram projetos que dormiam, há anos, nas gavetas do legislativo.
Mesmo que no ano que vem tenhamos eleições, como bem disse Son Salvador, as manifestações alteraram a saúde dos políticos: 'vossas excelências ficaram com a pressão alta das ruas'.

E o corre corre começou. Nos últimos dias, pela primeira vez, o noticiário esteve repleto de declarações, discursos e propostas de suas excelências, as autoridades do país. Corrupção virou crime hediondo, a educação vai, enfim, receber mais dinheiro, haverá confisco de propriedades flagradas com escravos, a PEC 37 foi para o espaço... além, é claro, da possibilidade de o povo ser ouvido através de um plebiscito.

Mas, e sempre há um mas, muitas das propostas dependem de uma Reforma Política. E onde é que o avanço do Brasil sempre fica travado? É isso! No Congresso Nacional. Não na Instituição, tão necessária à democracia, mas em quem colocamos lá dentro.
O eleitor elege um deputado ou senador que possa representá-lo e, há muito, isso não acontece mais. A distância entre o eleito e o eleitor ficou enorme, graças a ação dos intermediários, dos lobistas de setores da indústria, do comércio, dos bancos, das empresas, de segmentos religiosos e até de times de futebol.
Sai de cena a bancada do povo para entrarem as bancadas ruralista, evangélica, da bola, do bingo e outras mais.

E é aí que surge a pergunta: em que ponto a criatura se virou contra seu criador? Em que momento de nossa história, partidos políticos tão necessários à democracia, se distanciaram dos anseios populares? Em que ponto o deputado passou a valer mais do que quem o elegeu e começou a promover uma vergonhosa dança das cadeiras, de acordo com interesses que garantissem sua reeleição ad infinitum, se transformando em político profissional, até que um escândalo o empurre a uma renúncia e a renúncia a uma polpuda aposentadoria.

Mas o gigante acordou e grita: "Se vão importar médicos de Cuba para melhorar a saúde, então que importem políticos suecos para acabar com a corrupção."

Protestar é preciso, para que viver seja possível.

Calados, nunca mais! "Direita? Esquerda? Não. Nós queremos é ir pra frente!

 

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