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Os incomensuráveis ensinos de Rui Barbosa II


Autoria:

Tatiana Takeda


Tatiana de Oliveira Takeda é advogada, professora do curso de Direito da PUC/GO, assessora do Tribunal de Contas do Estado de Goiás, articulista de sites e revistas jurídicas, mestre em Direito, Relações Internacionais e Desenvolvimento, especialista em Direito Civil, Processo Civil e Gestão Ambiental e Pós-graduanda em Direito Imobiliário.

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Texto enviado ao JurisWay em 27/01/2009.



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OS INCOMENSURÁVEIS ENSINOS DE RUI BARBOSA II

 

Tatiana de Oliveira Takeda

professora do curso de Direito da UCG, pós-graduada

em Direito Civil e Processo Civil e mestranda em

Direito, Relações Internacionais e Desenvolvimento

 

Rui Barbosa de Oliveira, um baiano que faleceu em 1923, aos 73 anos de existência voltada para o Direito, Jornalismo, Política, Diplomacia e tantos outras áreas, exercendo seus ofícios com afinco e brilhantismo ímpares.

Mais uma vez a vida do jurisconsulto é objeto do desejo de se estar divulgando o quanto esta figura eminente foi indispensável no desenvolvimento do Brasil no final do século XIX e início do século XX.

Como em texto anterior explorou-se, principalmente, as características jurídicas e políticas de Rui Barbosa, aqui são tecidos comentários que também mostram um verdadeiro cidadão, antes de tudo.

Filho de João Barbosa de Oliveira, Rui nasceu em um ambiente familiar em que predominava a defesa da educação e cultura. Seu pai foi um homem cuja a vida foi marcada pela preocupação relativa aos problemas educacionais e culturais da época. Por anos coordenou a Instrução Pública de sua província e foi ele quem influenciou a formação intelectual do filho, sempre orientando-o sobre o prazer da leitura dos clássicos e na importância de documentar suas pesquisas.

Dizia o estudioso que "...a chave misteriosa das desgraças, que nos afligem, é esta, e só esta: a ignorância popular, mãe da servilidade e da miséria (...) eis o formidável inimigo, o inimigo intestino, que se asila nas entranhas do País. Para o vencer, revela instaurarmos o grande serviço da defesa nacional contra a ignorância". Também demonstrou sua insatisfação com o ensino secundário de sua época ao salientar que "... esse viciamento praticado no ensino secundário resulta inevitavelmente da ausência do espírito científico, que só se poderá incutir, restituindo à ciência o seu lugar preponderante na educação das gerações humanas. Todo o futuro da nossa espécie, todo o governo das sociedades, toda a prosperidade moral e material das nações dependem da ciência, como a vida do homem depende do ar".

Ciente do que procurava e respaldado por um imenso cabedal de informações, Rui resolveu entrar na Faculdade de Direito de Recife, transferindo-se posteriormente para a de São Paulo.

Como acadêmico, já demonstrava ser um expoente de sua época, vez que na compania do amigo e sócio Castro Alves, deu origem ao Ateneu Paulistano que foi presidido pelo entusiasta Joaquim Nabuco. Nas sessões cívicas organizadas pelo Ateneu, Rui tinha a oportunidade de recitar poemas de sua autoria.

Interessante observar que aquele garoto que já demonstrava seu fascínio e talento para a poesia, antes mesmo de concluir o segundo ano do curso de Direito, também já era jornalista conhecido.

Depois da colação de grau, em 1870, mudou-se para o Rio de Janeiro, cidade centro das atenções daquela época, e deu início a uma carreira dividida entre o Direito e o Jornalismo. Defensor ferrenho dos direitos humanos, Rui Barbosa mal chegou à cidade maravilhosa e já abraçou a causa que lhe rendeu uma figura heróica e destemida na história brasileira, a abolição da escravatura.

Após destacar-se no cenário político como Deputado Provincial e Geral, Senador e Ministro da Fazenda, Rui Barbosa, averso ao golpe que levou Floriano Peixoto ao governo, impetrou habeas corpus em favor dos cidadãos presos por aquele e como redator-chefe do Jornal do Brasil, atacou a situação florianista. Consequentemente, em 1893, viu-se compelido a exilar-se.

Ato contínuo, Rui partiu para a Argentina e fixou morada em Buenos Aires. Não tardou para que aquela cidade ficasse pequena e o jurisconsulto partiu para Lisboa, onde alguns incidentes levaram-no a escolher Londres como seu porto seguro. Na capital inglesa, escreveu as conhecidas Cartas da Inglaterra para o Jornal do Comércio e ficou internacionalmente conhecido.

Ressalte-se que no auge de seu exílio, foi o primeiro cidadão a levantar a voz contra o Processo de Dreyfus. Tratava-se da condenação, em 1894, na França, de Alfred Dreyfus, oficial de artilharia do exército francês, que sofreu um processo fraudulento com uso de documentos falsos e conduzido a portas fechadas. Dreyfus não havia traído a nação e quando os oficiais de alta patente perceberam o erro judicial tentaram escondê-lo, apoiados por uma onda xenofobista, vez que se tratava aquele por judeu.

Acalmados os ânimos no Brasil, em 1895 Rui Barbosa retornou à sua terra e em 1907, apoiado pela imprensa e opinião pública, representou o país na Segunda Conferência da Paz, em Haia, onde defendeu o princípio da igualdade jurídica das nações soberanas.

Mediante inconteste oratória e saber em diversas searas, o brasileiro foi nomeado Presidente de Honra da Primeira Comissão e teve seu nome colocado entre os "Sete Sábios de Haia".

Na literatura, sua produção foi imensa e as obras, puramente literárias, levaram-no a refletir se realmente era um escritor ou apenas mais um entusiasta.

O jurisconsulto em comento, num discurso em resposta ao jornalista Antônio Constâncio Alves, destacou de sua obra as partes que poderiam ser consideradas literárias: o Discurso do Liceu de Artes e Ofícios sobre o desenho aplicado à arte industrial, o Discurso do Colégio Anchieta, o Discurso do Instituto dos Advogados, o Parecer e a Réplica acerca do Código Civil, o Elogio de Castro Alves, a Oração do Centenário de O Marquês de Pombal, o Ensaio Swift, a crítica do livro de Balfour, incluída nas Cartas da Inglaterra, as traduções de poemas de Leopardi e das Lições de coisas de Calkins, e alguns artigos esparsos de jornais. No que toca a estas obras, o historiador Américo Jacobina Lacombe acrescentou alguns dos discursos que Rui proferiu nos últimos cinco anos de vida, como os do jubileu cívico e a Oração aos moços, as outras produções reunidas em Cartas da Inglaterra, o discurso ao escritor francês Anatole France e o discurso de adeus ao letrado Machado de Assis.

Diante tantos acontecimentos históricos e lutas sociais que marcaram a vida de Rui Barbosa, a notícia de sua morte não poderia ser diferente. No dia 10 de março de 1923, o falecimento do maior representante do Brasil naquela época mereceu substancial espaço na imprensa internacional, dentre os principais veículos de informação, foi destaque do Times de Londres que pela primeira vez dedicou suas páginas a um estrangeiro.

 

é advogada, analista do TCE/GO,
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Comentários e Opiniões

1) Claudio Renato (08/09/2009 às 13:59:20) IP: 200.164.136.27
Ruy Barbosa escrevia mal, empolado, abusava de todas as figuras de linguagem que tivesse à mão só, e tão-somente, para mostrar erudição. Há que se notar que Ruy conviveu com escritores do nível de Machado de Assis e Castro Alves, cuja escritura parece cada vez mais atual. Ruy mandou queimar os registros (importantíssimos, do ponto de vista histórico) que se referiam às transações com escravos, provavelmente para evitar problemas com indenizações.


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