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GAIA, A TERRA VIVA ( Ou na visão pessimista: A Natureza Devastada)


Autoria:

Fabiano Barroso


Advogado militante na Baixada Santista desde 1997, atuando nas áreas cível e criminal. Formado em Direito pela Unisantos - Universidade Católica de Santos. Pós-Graduado em Direito do Estado pela Universidade Cândido Mendes/RJ.

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Resumo:

florestas, desmatamento, ser humano

Texto enviado ao JurisWay em 17/03/2013.



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Em 1979 o químico inglês James Lovelock publicou um livro intitulado "Gaia: Um novo olhar sobre a vida na Terra", no qual propunha uma teoria segundo a qual o nosso planeta e todas as criaturas que nele habitam constituiriam um grande organismo vivo. A Terra, destarte, seria um sistema no qual tudo, desde vírus, seres humanos e clima, entre outros, estariam interligados e seriam inter dependentes, complementando-se entre si na busca de um ambiente perfeito para a vida no planeta.

 

Nas palavras de Lovelock: "O espectro completo de vida na Terra, de baleias a vírus e de olmos a algas podem ser vistas como partes constitutivas de uma entidade vivente única capaz de manter a composição da atmosfera da Terra adequada a suas necesidades gerais e dotada de faculdades e poderes maiores que a aquelas das suas partes constivas ... [ Gaia pode ser definida como] um ente complexo que inclui a biosfera terrestre, atmosfera, oceanos, e solo; e a totalidade estabelecendo um mecanismo auto-regulador de sistemas cibernéticos com a finalidade de procurar um ambiente físico e químico ótimo para a vida no planeta." Nesse sentido o próprio planeta estaria vivo.

 

O autor, então, explica: "Você pode achar difícil de engulir a noção que uma coisa grande aparentemente inanimada como a Terra está viva. Por suposto, você pode dizer, a terra é quase toda ela rocha, e maior parte dela incandescente. A dificuldade pode ser diminuida se você permite que a imagem de um árvore grande (como a sequoia) entre na sua mente. A árvore esta, sem dúvida, viva, ainda que 99% dela este morta. A enorme arvore é uma sucessão de anéis cilíndricos de material lenhoso morto, feito de lignina e celulose pelos ancentrais de uma camada muito fina de células viventes que constituem a cortiça da árvore. De esse mesmo modo podemos perceber que muitos dos atomos das rochas que estão lá embaixo no magma foram um dia parte da vida na superfície terrestre, a fina camáda de vida, em continua evolução, da qual todos vemos."

 

Uma questão interessante é até que ponto a presença do homem influi nesse sistema auto regulador. As obras do homem estariam em harmonia com Gaia? As mudanças provocadas no clima, ou no meio ambiente, por nossa espécie afetariam ou não o sistema vivo e que regula a si próprio da Terra?

 

A idéia de Lovelock, creio, não é original. No século XV, o monge beneditino e filósofo Dom Basílio Valentim, escreveu "As Doze Chaves da Filosofia", obra alquímica, de cunho hermético, na qual já assinalava, ainda que de modo alegórico, que a Terra tem vida própria. A quinta chave do manuscrito, assim está redigida:

 

"A força vivificante da terra produz todas as coisas, que dela nascem; e quem dissesse que a terra é privada de vida, contraria decididamente a verdade. Realmente, um corpo morto não pode dar nada a outro que está vivo, pois ele carece do crescimento, porque o espírito de vida evolou-se. Por esta razão, o espírito é a vida e a alma da terra, que nela habita e age, no terrestre por força do celeste e do astral. Pois, todas as árvores, ervas e raízes, assim como todos os metais e minerais, recebem suas forças, sua nutrição e crescimento do espírito da terra, porque o espírito, que é a vida, é alimentado pelos astros e em seguida provê seu alimento a tudo o que vegeta. Como a mãe abriga a criança em seu ventre e o nutre de si mesma, assim a terra, por seu espírito recebido do alto, guarda vivos os minerais enterrados em sei seio.

 

"Não é a terra que dá tais forças por si mesma, mas o espírito vivificante que existe nela; e, se a terra fosse abandonada por seu espírito, ela seria morta e não ofereceria alimento, bem como faltaria o seu espírito que, pelo enxofre ou pelo adubo, conserva a força vivificante e garante todo crescimento pela nutrição.

 

"Dois espíritos opostos podem permanecer reunidos, mas não se harmonizam facilmente. Efetivamente, quando a pólvora é inflamada, esses dois espíritos, de que a pólvora se compõe, separam-se com grande fragor e violência e voam pelos ares de tal forma que ninguém pode distinguir ou dizer para onde foram ou em que se transformaram, exceto se se sabe pela experiência que espíritos eram e em que matéria se encontravam..."

 

(retirado do livro As Doze Chaves da Filosofia, L. Oren Editora, traduzido por Atílio Cancian)

 

Ontem fui ao oftalmologista e, enquanto esperava, folheei uma revista que continha uma entrevista com Pedro Martinelli, conhecido fotógrafo, que capta imagens da Amazônia desde a década de 70.

 

Os mais esclarecidos já sabem de antemão sobre o que Martinelli falou: o ritmo acelerado da destruição da selva causado pelas madeireiras. Não é novidade, mas o que não nos damos conta é o fato de que enquanto escrevo estas linhas, ou você leitor escova os dentes, algumas centenas (ou milhares) de árvores centenárias estão sendo derrubadas. E isso ocorre todo dia, debaixo do nariz de quem deveria cuidar e proteger da floresta. Aqueles que deveriam fiscalizar e coibir tal predação, também são predadores e usufruem, via propina, do dinheiro maldito da venda das madeiras nobres. Sempre o vil metal...

 

Em poucos anos, tudo estará acabado. E a devastação não será só da selva. O desmatamento aniquilará as fontes de água, e tudo ficará bem pior.

 

Ao ser indagado sobre a verdadeira situação da Amazônia, Martinelli, assim se manifesta: “Quando estive lá pela primeira vez, fiquei assustado com o ritmo da devastação. Na época eu disse que, se continuasse daquele jeito, em 30 anos a Amazônia estaria perdida. Os 30 anos se passaram. A Amazônia está acabando e numa velocidade muito maior. Nos anos 70, vi abrirem estrada e o campo de pouso com machado. Dois caboclos com um machado levavam um dia inteiro para derrubar uma árvore. Hoje, um homem com uma motoserra faz esse trabalho em meia hora. Mas o diabo é o skidder, um tratorzinho com pinças que entra no mato para pegar a tora e vai arrancando tudo pelo caminho. O tão falado manejo sustentável – abrir espaço para que as espécies menores recebam a luz do sol e cresçam entre as árvores grandes – é pura ficção. O plano de manejo, que aponta as espécies que precisam ser preservadas, é tratado com desleixo. Ninguém se preocupa em derrubar uma árvore onde isto causa menos dano ou em desamarrar os cipós que unem as árvores, e cada tronco que cai arrasta vários outros. Eu estive lá e vi” (excerto retirado da Revista Claudia, edição de agosto, fls.60).

 

Nem vou falar aqui da Mata Atlântica, hoje reduzida a meros 7% da área que já ocupou. O quando de diversidade biológica já se perdeu, sem sequer ser conhecida?

 

O ser humano é o único animal que polui a água que bebe, e suja o ambiente em que vive. Efetivamente não foi feito para viver em harmonia com a natureza. Voltando a questão que coloquei no início, tenho em mente que as obras do homem não se equilibram e nem se harmonizam (pelo contrário) com o sistema auto regulador da Terra. E isso está piorando à medida que evoluímos. Como disse Martinelli na entrevista: antes o machado, agora a motoserra. O que virá depois? Só Deus sabe, ou não...

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