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O CÍRCULO DE GIZ CAUCASIANO
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Bertolt Brecht foi um dramaturgo, poeta e encenador alemão destacado do século XX. Seus trabalhos influenciaram o teatro contemporâneo de maneira profunda, o que o tornou mundialmente conhecido, principalmente a partir das apresentações de sua companhia o Berliner Ensemble em Paris nos anos de 1954 e 1955.
A obra traz uma discussão a respeito do direito à terra, entre duas comunidades caucasianas, após a guerra travada contra a Alemanha de Hitler. Essas comunidades se reúnem em meio as ruínas de uma aldeia bombardeada no Cáucaso, juntamente com um Perito da Comissão de Estado para Construção que tenta mediar a discussão, para discutir sobre quem tem o direito, os donos que abandonaram as terras durante a batalha, ou os que cuidaram dela tornando-a mais fértil.
Durante a reunião, uma camponesa anuncia que será apresentada uma peça de teatro que tem relação com o problema que estão enfrentando.
A peça trata da história de um bebê que foi abandonado por sua mãe biológica, mais preocupada em se salvar, enquanto fugia. O bebê era filho do governador Georgi Abaschvíli, que foi deposto e morto em razão de uma revolta política. Uma empregada chamada Grucha encontra o bebê Miguel no pátio do palácio e o leva consigo a fim de salvá-lo, tornando-se a sua mãe de criação. Após restabelecida a ordem social a mãe biológica reivindica o filho, uma vez que este era o único herdeiro do governador morto.
Encontrada a criança, o caso é levado a Azdak, juiz corrupto empossado pelo próprio povo em momento de caos. Ocorre que a mãe biológica e a de criação disputam a criança, devendo o juiz decidir de quem é a “propriedade”. Azdak proferia decisões dotadas de profundo bom senso, porém, sem nenhuma base legal. No caso de Miguel decidiu da seguinte forma: fez um círculo de giz no chão, colocou a criança ao centro e mandou que as mulheres o puxassem para fora e para seu lado. Grucha não o puxou com toda força para não machucá-lo e acabou perdendo. Contudo, o juiz entende que Grucha é quem deve ficar com Miguel, pois é essa quem realmente tem o amor maternal.
A peça de Brecht foi inspirada por uma lenda chinesa, que trata da mesma história bíblica do juízo do Rei Salomão. A peça se mostra como uma metáfora sobre a posse e a propriedade na disputa pela terra. Contudo, o autor chama atenção para o fato de que O Círculo de Giz Caucasiano não se trata de uma parábola, que o prólogo pode induzir a erro, mas a história, na verdade, é uma narrativa autônoma e demonstra apenas uma espécie de sabedoria, que pode servir de modelo para uma disputa atual.
Ao longo da narração, a obra se apresenta de maneiras diversas, às vezes cômica, às vezes delicada, mas sempre profunda.
REFERÊNCIA
BRECHT, Bertolt. O círculo de giz caucasiano. São Paulo: Cosac & Naify, 2002.
* Estudantes do curso de Direito da Faculdade AGES
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