JurisWay - Sistema Educacional Online
 
 
Cursos
Certificados
Concursos
OAB
ENEM
Vídeos
Modelos
Perguntas
Notícias
Fale Conosco
 
Email
Senha
powered by
Google  
 
 Sala dos Doutrinadores - Artigos Jurídicos
Autoria:

Francisco Afonso Jawsnicker
Assessor de Desembargador do TJMT, Professor da Universidade Federal de Mato Grosso, Coordenador Regional do IBCCRIM, Especialista em Direito Penal, autor da obra Prescrição Penal Antecipada, editada pela Editora Juruá, já na 2ª edição.

envie um e-mail para este autor
Monografias Direito Penal

ROUBO COM ARMA DE FOGO: NECESSIDADE DE PERÍCIA

O artigo faz uma análise do Habeas Corpus nº. 96099, julgado pelo STF em 19 de fevereiro de 2009, defendendo a necessidade de perícia em arma de fogo, para reconhecimento da causa de aumento prevista no artigo 157, § 2º, inciso I, do CP.

Texto enviado ao JurisWay em 11/03/2009.

indique está página a um amigo Indique aos amigos

No dia 19 de fevereiro de 2009, no julgamento do Habeas Corpus nº. 96.099/RS, o Supremo Tribunal Federal, por maioria de votos, decidiu que a caracterização da causa de aumento de pena prevista no artigo 157, § 2º, inciso I, do Código Penal não exige que a arma de fogo seja periciada ou apreendida, desde que, por outros meios de prova, reste demonstrado seu potencial lesivo.
Essa orientação, esposada pelo relator, Ministro Ricardo Lewandowski, foi seguida pelos Ministros Marco Aurélio, Carlos Britto, Carmén Lúcia e Menezes Direito. Foram votos vencidos os Ministros Cezar Peluso, Eros Grau e Gilmar Mendes. Não participaram do julgamento os Ministros Celso de Mello, Ellen Gracie e Joaquim Barbosa.
O artigo 157, caput, do Código Penal define o crime de roubo simples nos seguintes termos: Subtrair coisa móvel alheia, para si ou para outrem, mediante grave ameaça ou violência a pessoa, ou depois de havê-la, por qualquer meio, reduzido à impossibilidade de resistência. O § 2º relaciona diversas circunstâncias que aumentam a pena de um terço até metade, dentre as quais se a violência ou ameaça é exercida com o emprego de arma (inciso I).
No exame desse inciso, a doutrina procura definir qual a razão de ser da norma, ou seja, o que motivou o legislador a considerar mais grave o crime de roubo, merecendo pena majorada, quando ocorre o emprego de arma.   
Na lição de Luiz Régis Prado, convém salientar que a arma de brinquedo é inidônea para determinar o aumento de pena, já que a ratio essendi da qualificadora está sedimentada na potencialidade lesiva e no perigo que a arma real causa, e não no maior temor infligido à vítima (Curso de Direito Penal brasileiro. 3 ed. São Paulo: Editora RT, 2004. Volume 3, página 411).
Reconhecendo a mesma ratio essendi: Damásio de Jesus (Direito Penal. 26 ed. São Paulo: Saraiva, 2004. Volume 2, página 345), Paulo José da Costa Jr. (Comentários ao Código Penal. São Paulo: Saraiva, 1988. Volume 2, página 213), Júlio Fabbrini Mirabete (Manual de Direito Penal. 25 ed. São Paulo: Atlas, 2007. Volume II, páginas 225/226), Cezar Roberto Bitencourt (Tratado de Direito Penal. São Paulo: Saraiva, 2003. Volume 03, páginas 97-99) e Celso Delmanto et alia (Código Penal Comentado. 6 ed. Rio de Janeiro: Renovar, 2002. Página 353).  
Por outro lado, na lição de Nelson Hungria, a ameaça com arma ineficiente (exemplo: revólver descarregado), ou fingida (exemplo: um isqueiro com feitio de revólver), mas ignorando a vítima  tais circunstâncias, não deixa de constituir a majorante, pois a ratio desta é a intimidação da vítima, de modo a anular-lhe a capacidade de resistir (Comentários ao Código Penal. Rio de Janeiro: Forense. Volume VII, páginas 56-57). No mesmo sentido, Fernando Capez (Curso de Direito Penal. 6 ed. São Paulo: Saraiva, 2006. Volume 2, página 414).
Esse apanhado demonstra que a doutrina penal pátria, de forma amplamente majoritária, entende que a razão de ser da majorante reside no perigo real que representa a arma verdadeira, municiada e apta a disparar (DELMANTO, obra e páginas citadas).   
Sendo essa a razão de ser da norma, segue-se que a configuração dessa causa de aumento depende de que a arma de fogo seja apreendida e periciada, de modo a determinar sua potencialidade lesiva. Não há, em princípio, quando a arma não chegou a ser disparada durante o crime, outro meio de definir o perigo real a que esteve sujeita a vítima.  
Tendo em vista o exposto, à primeira vista é possível afirmar que a decisão proferida pelo Supremo Tribunal Federal no Habeas Corpus nº. 96.099/RS está divorciada do entendimento dominante da doutrina pátria, se no caso concreto a arma não chegou a ser disparada.  
Consignamos que essa orientação também parece destoar do entendimento do Superior Tribunal de Justiça. Este tribunal, em 23 de outubro de 1996, editou súmula (nº. 174) afirmando que no crime de roubo, a intimidação feita com arma de brinquedo autoriza o aumento da pena. Mais tarde, porém, em 24 de outubro de 2001, no julgamento do Recurso Especial nº. 213054/SP, essa súmula foi cancelada, uma vez que o aumento especial de pena no crime de roubo em razão do emprego de arma de brinquedo (...) viola vários princípios basilares do Direito Penal, tais como o da legalidade (art. 5º, inciso XXXIX, da Constituição Federal e art. 1º, do Código Penal), do ne bis in idem, e da proporcionalidade da pena.
Justamente em função do cancelamento da Súmula 174, o Superior Tribunal de Justiça decidiu que para o reconhecimento da presença da causa de aumento de pena prevista no art. 157, § 2º, I, do Código Penal, mostra-se indispensável a apreensão da arma de fogo e a realização de exame pericial para atestar a sua potencialidade lesiva, quando ausentes outros elementos probatórios que levem a essa conclusão (5ª Turma – Recurso Especial nº. 1052780 – Relator Ministro Jorge Mussi – Acórdão de 28 de agosto de 2008 – DJE de 06 de outubro de 2008).
Importante:
1 - Todos os artigos podem ser citados na íntegra ou parcialmente, desde que seja citada a fonte, no caso o site www.jurisway.org.br, e a autoria (Francisco Afonso Jawsnicker).
2 - O JurisWay não interfere nas obras disponibilizadas pelos doutrinadores, razão pela qual refletem exclusivamente as opiniões, idéias e conceitos de seus autores.

indique está página a um amigo Indique aos amigos

Comentários e Opiniões

1) Ruy Peral (07/10/2009 às 14:43:21) IP: 200.175.243.2
Parabéns pelo artigo Doutor!


Somente usuários cadastrados podem avaliar o conteúdo do JurisWay.

Para comentar este artigo, entre com seu e-mail e senha abaixo ou faço o cadastro no site.

Já sou cadastrado no JurisWay





Esqueceu login/senha?
Lembrete por e-mail

Não sou cadastrado no JurisWay




 

Institucional

O que é JurisWay
Por que JurisWay?
Nossos Colaboradores
Profissionais Classificados
Responsabilidade Social no Brasil



Publicidade

Anuncie Conosco



Entre em Contato

Dúvidas, Críticas e Sugestões



Seções

Cursos Online Gratuitos
Vídeos Selecionados
Provas da OAB
Provas de Concursos
Provas do ENEM
Dicas para Provas e Concursos
Modelos de Documentos
Modelos Comentados
Perguntas e Respostas
Sala dos Doutrinadores
Artigos de Motivação
Notícias dos Tribunais
Notícias de Concursos
JurisClipping
Eu Legislador
Eu Juiz
É Bom Saber
Vocabulário Jurídico
Sala de Imprensa
Defesa do Consumidor
Reflexos Jurídicos
Tribunais
Legislação
Jurisprudência
Sentenças
Súmulas
Direito em Quadrinhos
Indicação de Filmes
Curiosidades da Internet
Documentos Históricos
Fórum
English JurisWay



Áreas Jurídicas

Introdução ao Estudo do Direito
Direito Civil
Direito Penal
Direito Empresarial
Direito de Família
Direito Individual do Trabalho
Direito Coletivo do Trabalho
Direito Processual Civil
Direito Processual do Trabalho
Condomínio
Direito Administrativo
Direito Ambiental
Direito do Consumidor
Direito Imobiliário
Direito Previdenciário
Direito Tributário
Locação
Propriedade Intelectual
Responsabilidade Civil
Direito de Trânsito
Direito das Sucessões
Direito Eleitoral
Licitações e Contratos Administrativos
Direito Constitucional
Direito Contratual
Direito Internacional Público
Teoria Econômica do Litígio
Outros



Áreas de Apoio

Desenvolvimento Pessoal
Desenvolvimento Profissional
Língua Portuguesa
Inglês Básico
Inglês Instrumental
Filosofia
Relações com a Imprensa
Técnicas de Estudo


Copyright (c) 2006-2024. JurisWay - Todos os direitos reservados